Acabou de chegar pra mim, pelo correio, um cheque nominal no valor de US$ 9,25. Eu só tenho que ir ao banco e depositá-lo ou descontá-lo. Ah, pra isso tenho também que vender minha alma. É assim: ano passado, em outubro, comprei alguma passagem aérea e surgiu a chance de receber quinze dólares. Tudo que eu precisava fazer era me filiar a um clube de vantagens que dá bônus pra cartão de crédito e descontos em viagens. Pra que eles não cobrassem a anuidade (que eles não diziam quanto era), eu tinha dois meses pra ligar e cancelar. Ok, passou-se apenas um mês e apareceu um rombo de 50 dólares no meu cartão de crédito. Liguei pra empresa e exigi meu dinheiro de volta e o cancelamento imediato da minha anuidade. Pagaram e nunca mais ouvi deles. Até ontem. Se eu depositar esse tentador cheque nominal, vão me cobrar uma anuidade de US$ 140. A menos que eu cancele. Mas o detalhe genial é que eu tenho que cancelar todo ano, pro resto da vida. Esta pérola tá em letras miudinhas: “Não precisaremos pedir o seu número do cartão de crédito ou o seu consentimento para a cobrança”. Ou seja, por 9 dólares e uns trocadinhos eu posso arranjar um problemão pro resto da vida. Sabe o que é mais interessante? É que aqui nos EUA há várias leis, inclusive constitucionais, prometendo sigilo bancário. O curioso é que elas não se aplicam às empresas privadas (lembra do meu contrato com o Chase?). Essas leis foram feitas pra proteger o cidadão das garras do governo. Mas não existe nada pra proteger o consumidor incauto da sanha corporativista.