Eu tava lendo uma critica sobre os filmes do Monty Python no blog da Lola, quando vi o comentario sobre O Calice Sagrado: Em Busca do Cálice Sagrado é um mergulho à Idade Média, com cenas antológicas como a do cavalheiro (sic) que perde seus braços e pernas em uma batalha mas ainda quer lutar. Quando seu adversário desiste da luta já ganha, o toco de homem que sobrou grita "covarde!" (é interessante que esta comédia só foi realizada porque o beatle e fã George Harrison doou um milhão de libras ao grupo). Nesses momentos, eu suspiro. George Harrison, eu te amo duas vezes.
rodoviaria de João Pessoa, 1994. Minha mãe comentou sobre essa menina que viveu escondida dos nazistas e que finalmente foi morta num campo de concentração. Nessa idade, eu tinha uma idéia bastante vaga do que era o nazismo, do que era um campo de concentração, mas a historia dela me chocou, me provocou uma curiosidade imensa. Passei os dois anos seguintes implorando pra minha mãe comprar o Diario. Quando eu ja havia esquecido da coisa, minha amada mãe chega com uma edição bem velhinha, paginas amareladas, que ja me davam a impressão de que eu tinha o original. Li o livro varias vezes durante a adolescência e a cada leitura ia descobrindo coisas novas. A identificação era incrivel, apesar de eu estar anos-luz da realidade dela. Absolutamente tudo despertava meu interesse no livro: o fato dela ser adolescente e ter que lidar com sua sexualidade de uma forma bastante limitada, tanto pelo espaço fisico como pela época vivida, cheia de tabus (na primeira edição do livro, foram, inclusive, suprimidas paginas em que ela tratava da sua sexualidade); a relação tensa que ela mantinha com a mãe; o fato de viver confinada num pequeno espaço durante anos com pessoas das quais ela não gostava; a situação de guerra em si (que sozinha ja traz traumas suficientes); a escrita profunda e sensivel de uma menina de apenas
13 anos e todas as criticas que ela faz sobre o mundo e sobre o Homem. Não sei, mas pra mim, uma pessoa que diz do fundo do coração, sei que nunca mais terei minha inocência outra vez, no contexto desumano da guerra, sabe do que ta falando. Eu tenho plena convicção de que o fato de hoje eu ser "historiadora" nasceu desses tempos em que eu passava horas no deposito de casa remexendo nos baus velhos dos meus pais e descobrindo todos os empoeirados, ouvindo musica "velha", lendo sobre a II Guerra e esses eteceteras da vida. Sim, sim: eu tremo as pernas!