Geral
Ariel Sharon, 8 anos em coma morre o líder de Israel
Mantido em estado vegetativo desde 2006, após décadas de controversa carreira política e militar, o ex-premiê israelense Ariel Sharon morreu hoje, aos 85 anos, deixando como legado a fama de belicista e, na contramão, a histórica retirada da faixa de Gaza que liderou durante seu mandato.
O óbito ocorreu na manhã deste sábado, conforme informações do hospital em que ele era tratado, na região de Tel Aviv. O enterro será segunda (13) em cerimônia privada no rancho em que vivia, no sul de Israel.
Lá também está sepultada a mulher dele, Lili, informou neste sábado o Canal 1, de Israel. Sharon deixa dois filhos e a herança de ter participado de toda a história militar do país nas fileiras da liderança.
Apelidado "Arik", Sharon nasceu em 1928 no vilarejo de Kfar Malal. Aos 14 anos, juntou-se às fileiras da Haganah, a versão embrionária das Forças de Defesa de Israel. O início de sua biografia é um apanhado de sucessivas promoções no Exército, incluindo ter comandado uma companhia de infantaria na guerra de independência de 1948 e ter fundado, em 1953, uma unidade de elite responsável por retaliar ataques árabes.
Sharon estudou na Universidade de Tel Aviv, onde graduou-se em direito, em 1962. No Exército, ele comandou, nos anos 1960, tanto as regiões norte quanto sul, tendo também ocupado o posto de líder da divisão de treinamento militar. Suas vitórias nas guerras de 1967 e 1973, como elogiado estrategista, lhe renderam os títulos hiperbólicos de "rei de Israel" e "Leão de Deus".
A carreira de Sharon tomou a senda política na década seguinte, em uma breve passagem pelo Parlamento, em 1973, seguida de sua renúncia. Em 1975, ele assessorou o primeiro-ministro Yitzhak Rabin no campo de segurança e, dois anos depois, foi eleito parlamentar, após o que se juntou ao partido de direita Herut ""que mais tarde se tornaria o Likud.
No governo, Sharon foi ministro da Agricultura e, em 1981, assumiu a pasta da Defesa durante o período crítico da Guerra do Líbano. Foi nesse país inimigo que os papéis de sua carreira se mancharam, diante da opinião pública, após Sharon ser considerado por uma comissão de inquérito como "pessoalmente responsável" pelo massacre de refugiados palestinos em Sabra e Shatila, em Beirute.Retirado da Defesa, Sharon foi realocado, em 1984, como ministro da Indústria. Em 1990, liderou o Ministério da Construção e da Habitação. Ele também teve a si, nessa mesma década, as pastas de Infraestrutura Nacional e de Relações Exteriores.
Na década seguinte, em uma provocativa visita à Esplanada do Templo de Jerusalém, local sagrado disputado por judeus e muçulmanos, Sharon desencadeou uma onda de revoltas que culminaram na Segunda Intifada, levante palestino com graves consequências políticas e centenas de mortos em ambos os lados.
Meses depois, responsável por reformular o partido de direita Likud, Sharon foi eleito em 2001 para o cargo de primeiro-ministro com a maior margem de vitória na história de Israel. Ele foi reeleito em 2003, após ter convocado eleições antecipadas.
Na liderança do país, em seu último grande feito como político e militar, Sharon manobrou governo e Parlamento a aprovar a retirada dos assentamentos israelenses na faixa de Gaza, em um gesto de grande dano entre o eleitorado colono.
Seu ato concessivo, de certa maneira incoerente com as décadas em que promoveu a expansão de assentamentos nos territórios ocupados, levou ao fortalecimento da facção terrorista Hamas, que tomou o controle da faixa de Gaza.
Mas Sharon não testemunhou os desdobramentos de seu último gesto de liderança, assim como não viu as insurgências da Primavera Árabe ou a sombria crise histórica que encobriu a Síria. Ele também não teve a oportunidade de completar os planos de uma suposta retirada de quase a totalidade dos territórios da Cisjordânia, no que seria sido seu grande feito como estadista.
Em 4 de janeiro de 2006, o premiê Sharon sofreu um derrame com hemorragia cerebral, pelo qual esteve por anos em coma. Em 2013, médicos haviam detectado atividade cerebral, em uma última fagulha de sua resistência.
"As duas grandes tragédias na política moderna mesoriental que fazem você se perguntar se Deus quer paz no Oriente Médio ou não são o assassinato do [primeiro-ministro Yitzhak] Rabin e o derrame de Sharon", afirmou Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, em 2011, em elogio.
fonte:http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/01/1396450-ex-premie-israelense-ariel-sharon-morre-apos-oito-anos-de-coma.shtml
-
A Lição De Ariel Sharon - JoÃo Pereira Coutinho
FOLHA DE SP - 14/01 Nenhum outro premiê israelense fez na Faixa de Gaza exatamente aquilo que os palestinos reclamavam Morre Ariel Sharon. Há festejos na Faixa de Gaza. Fato: não esperava que os palestinos chorassem a morte de um homem que fez da segurança...
-
Do Otimismo à Decepção - Osias Wurman
O GLOBO - 18/12 Nos 65 anos de existência do Estado de Israel, nenhum líder árabe aceitou considerá-lo como o Estado Judeu Em março de 2005, o então vice-primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, visitou o Brasil. Recepcionado no Rio de Janeiro,...
-
Sharon Quis Fixar Fronteiras Do Estado De Israel; Veja Trajetória Do Ex-premiê
Ariel Sharon morreu aos 85 anos em Tel Aviv após oito anos em coma. Retirada israelense da Faixa de Gaza marcou sua vida política. Do G1, em São Paulo ...
-
A Derrota De Sharon
A pesada derrota de Sharon no referendo interno dentro do Likud sobre o plano de retirada da faixa de Gaza não deixa dúvidas sobre a resistência da direita israelita a qualquer cedência no que respeita aos territórios ocupados. Dali ninguém os tira...
-
Busharon
É quase oficial o que há muito tempo se receava. O anunciado plano de retirada de Israel da faixa de Gaza tem como contrapartida o projecto de anexação de parte importante do território da Cisjordânia, possivelmente de acordo com o muro de separação...
Geral