Assange preso: jornalismo em risco
Geral

Assange preso: jornalismo em risco


Por Mair Pena Neto, no sítio Direto da Redação:

Desde que o Wikileaks divulgou no início de 2010 milhares de documentos militares, que comprovaram atrocidades e crimes de guerra cometidos pelas tropas internacionais no Afeganistão, Julian Assange, o criador do site, é vítima de uma perseguição implacável, que chega às raias do absurdo – como a ameaça do governo britânico de invadir a embaixada do Equador em Londres, onde o jornalista e ativista está abrigado –, sem que nenhum dos grandes defensores da liberdade de imprensa se manifeste.

A desesperada tentativa dos Estados Unidos de conseguir a extradição de Assange para ser “julgado” no país, com risco de condenação à pena de morte, parece ser vista como natural pelos tradicionais arautos da liberdade de informação, que não dão um pio sobre a escandalosa armação, que envolve ainda, e naturalmente, a Inglaterra. Assim como os EUA, a ilha do norte, sob o comando de Tony Blair, também chafurdou na guerra do Afeganistão, que vai completar 11 anos sem a menor esperança de solução à vista.

A perseguição a Assange exigiu a criação de um bode expiatório – o suposto estupro e agressão sexual a duas ex-colaboradoras do Wikileaks na Suécia – , que o levou a ser julgado pela Justiça britânica, que decidiu pela sua extradição para a Suécia. Se o que estivesse em jogo fosse o crime cometido na Suécia, Assange poderia perfeitamente ser mandado para o país escandinavo e lá ser julgado. Mas a Suécia não passa de um mero trampolim para que o criador do Wikileaks seja extraditado para os EUA, processado e condenado por revelar segredos de Estado.

A Suécia, que tem acordo de extradição com os EUA, diz que não enviaria Assange aos EUA se houvesse possibilidade de ele ser condenado à pena de morte. A declaração, que partiu do Ministério da Justiça sueco, é reveladora das verdadeiras intenções. Afinal, a Suécia quer receber Assange em seu território para julgá-lo por um suposto crime contra duas cidadãs do país ou apenas para extraditá-lo aos EUA?

Mas voltemos à falta de manifestação pública dos defensores da liberdade de imprensa. No momento em que os tradicionais meios de comunicação discutem seu futuro e buscam se expandir cada vez mais para novas plataformas de informação, o Wikileaks não é, essencialmente, um veículo jornalístico? Ao receber informações importantes, secretas e até vitais, confirmá-las e divulgá-las, não está prestando um serviço à sociedade, assim como os jornais?

Quando o Wikileaks divulgou os documentos militares do Afeganistão. Assange afirmou que se tratava de uma história jornalística. E ao confiá-la a veículos de grande porte e prestígio, como The New York Times, The Guardian e Der Spiegel, que puderam verificar sua veracidade e publicá-la, teve a confirmação disso.

O sucesso do Wikileaks foi tamanho que vários jornais, inclusive no Brasil, tentaram copiar sua metodologia de receber documentos secretos, avaliá-los e publicá-los. Antes da divulgação dos arquivos da guerra do Afeganistão, o Wikileaks já tinha prestado bons serviços à informação, com a publicação de documentos sobre execuções no Quênia, que lhe valeram o prêmio de mídia da Anistia Internacional no Reino Unido. Assange também foi premiado pela The Economist e pelo Le Monde.

Inegavelmente, Assange presta inestimáveis serviços à democracia através do Wikileaks. Sua prisão e risco de extradição para os EUA constituem uma ameaça à liberdade de informação, que deveria ser repudiada por todo e, principalmente, pelos jornalistas, que ficarão ainda mais expostos a ações judiciais sempre que revelarem segredos de governos.




- "por Que Defendemos Assange"
Ilustração: Iván LiraPor Michael Moore e Oliver Stone, no sítio Outras Palavras: Passamos nossas carreiras de cineastas sustentando que a mídia norte-americana é frequentemente incapaz de informar os cidadãos sobre as piores ações de nosso governo....

- Julian Assange E A Histeria Britânica
Por Marina Terra e Roberto Almeida, no sítio Opera Mundi: O governo do Equador concedeu asilo político ao jornalista Julian Assange, refugiado na embaixada equatoriana em Londres desde 19 de junho desse ano. Conforme prometido, o chanceler equatoriano,...

- Equador Concede Asilo A Assange
Foto: http://actualidad.rt.com/Por Fillipe Mauro, no sítio Opera Mundi: O presidente do Equador, Rafael Correa, concordou em conceder asilo político ao criador do Wikileaks, Julian Assange, noticiou nesta terça-feira (14/08) o jornal britânico...

- Garzón Assume A Defesa De Assange
Foto: AFP/RTDo sítio Vermelho: O juiz espanhol Baltasar Garzón assumiu a direção da equipe de defesa do jornalista australiano Julian Assange e do Wikileaks, informou ontem o jornal equatoriano El Telégrafo. O jornal destacou em sua página digital...

- Tomates E Ovos Podres
João Pereira Coutinho, Folha de SP Julian Assange aparece na janela da embaixada do Equador, em Londres. Prepara-se para falar às massas. Não consegue. Uma quantidade generosa de tomates e ovos podres atinge o seu rosto adolescente e pretensamente...



Geral








.