Julie Andrews e Blake Edwards nos anos 60 ou 70
rante 41 anos), e essa vocês conhecem, espero. Julie é uma lenda no cinema desde A Noviça Rebelde. E Blake foi um dos mestres da comédia. Da Pantera Cor de Rosa e do desastrérrimo Inspetor Clouseau eu nunca fui grande fã, mas Um Convidado Bem Trapalhão, praticamente um filme mudo com aquele grande ator que era Peter Sellers, é genial (veja uns pedaços aqui). Bonequinha de Luxo, que imortalizou a Audrey Hepburn, é fofo também. Já Mulher Nota 10, com a Bo Dereck, eu nunca vi, mas não precisava ver pra saber, já aos 12 anos, que a
quela besteira era machista. E lembro quase nada de S.O.B. (iniciais pra fdp, em inglês), o recadinho que Blake mandou pra Hollywood. Apenas que era esquisito pacas. Mas tudo bem, porque Blake fez pelo menos uma obra-prima (se você não aprovar a comédia-pastelão de Um Convidado): Vitor ou Vitória. Aquilo é tudo. É parte musical, parte comédia sofisticada, e parte libelo contra a homofobia. Você só tem que sobreviver ao comecinho, que é quando uma Julie faminta e miserável tenta não pagar a conta num restaurante colocando no seu prato uma... barata. Feche os olhos quando Julie começa a vasculhar sua bolsa.
tudo festa e discussão de gêneros. Julie, ou Vitória, não faz sucesso como mulher. Então, seguindo a sugestão de seu amigo gay Robert Preston, ela finge ser um travesti. E aí estoura. O problema é que captura o coração de um mafioso, que sente-se muito desconfortável por sentir-se sexualmente atraído por um travesti (veja um lindo trecho aqui). Numa das cenas, o chefão conversa com seu principal guarda-costas, que ele descobre ser gay. E lhe pergunta, mas pô, como você pode ser gay? Você é todo másculo e tal. E o guarda-costas responde que, pra não ser xingado de viado, ele precisou ser machão e violento desde a adolescência. No meio da conversa, o mafioso tem uma discussão
à toa, pura marcação de território entre machos, com um sujeito. Eles agendam um duelo, uma luta de boxe, pro final da noite. Quando o chefão descobre que acabou de desafiar um campeão peso-pesado, o guarda-costas emenda: “Não se preocupe, chefe. Ele é gay”.
tamente gay. Segue-se este diálogo:
que os tempos de hoje). Naquele ano, havia uma série de grandes filmes (todos bem críticos ao sistema) concorrendo ao Oscar: fora Vitor ou Vitória, tinha Tootsie, ET, O Veredito, Desaparecido. Deram a estatueta pra Gandhi.