Rafinha, que nunca viu um rocambole, engasga ao dizer mamaço
de pra falar sobre o mamaço, a manifestação promovida em frente ao Itaú Cultural depois que uma mãe foi impedida de amamentar seu bebê em público. Note como ele diz mamaço, com a maior cara de asco. Não fica claro se seu nojo é pelo ato de amamentar ou pela audácia de pessoas protestarem. Ele exemplifica falando do beijaço, que seria “pra promover o beijo, sei lá”. É, é pedir demais que um carinha, numa concessão pública que é a TV, se informe minimamente antes de falar diante das câmeras. Beijaço não é pra promover beijo. É uma arma do povo LGBTTT para lutar contra a homofobia. Porque, assim como pessoas como Rafinha não aceitam v
er uma mulher amamentar em público, também acham horrível um casal gay se beijar. Do jeito que Raf menciona beijaço e mamaço, ele deixa transparecer o que acha de protestos: ativistas são pessoas fúteis sem nada pra fazer na vida além de reclamar. Revolucionário e profundo é o CQC. 
na nossa sociedade! Imagina se não pudesse, a TV ia viver do quê? Só do talento de Rafinhas e Marcelos Tas?), “é que quem quer mostrar a teta é quem não deveria querer mostrar. Nunca é aquela gostosa. Geralmente é aquela mãe com aquelas buchibas”. E os três machos lamentam que nunca viram a Giselle Bundchen amamentar, apenas aquela mulher “que não precisa de um sutiã, precisa de joelheira”.
Sabe como tem muita gente que acha que homem não deve dar pitaco sobre aborto? (e ainda assim 77% de quem comanda as campanhas anti-aborto são homens). Então. Também não deve se meter em amamentação. Porque homem não entende de amamentação. Pra entender, teria que parar de pensar com o pênis e pensar um tiquinho com a cabeça. Toda a questão é que seios não são apenas órgãos sexuais, assim como mulheres não são objetos sexuais. Mulheres existem independentemente do que os homens acham delas. Seios existem, independente do que os homens acham deles. A atitude do CQC deixa claro, em cada linha, que mulheres e seus seios deveriam ter apenas um propósito na vida: servir aos homens.
os reaças que pensam assim. Lembro quando vivia em Detroit e vi o Bill Maher, que nos EUA é tido como liberal, discursar longos minutos contra amamentação em público (veja aqui, é de 2007). Ele acha que mulheres que amamentam em público são preguiçosas, porque não planejam com antecedência quando o bebê terá fome. E ridiculariza as queixas das ativistas: “Não é lutar por um direito, é lutar pelos holofotes. Pare de se achar especial porque você teve um bebê. É algo que um cachorro pode fazer”. E, óbvio dos óbvios, compara amamentar com se masturbar. Todo mundo que é contra amamentar em público fala uma asneira dessas, e nem fica vermelho. As pessoas se masturbam (e, por algum motivo estranho, parece que apenas os homens têm vontade de se mastubar em público, geralmente na frente de alguma me
nina indo pra escola) para obter prazer pra elas mesmas. Amamentar, embora possa ser um ato prazeroso, é alimentar um outro ser, inclusive um ser indefeso, que depende da mãe (ou ao menos de um adulto) pra sobreviver.
r a vida pra unicamente servir ao bebê. E isso por quê? Ah, porque homens são seres que não conseguem se controlar ao ver um peito de fora (quem diz isso são eles, não eu!). Mulheres devem deixar de vestir certas roupas e de amamentar porque homens são tarados. Quer dizer, os homens é que têm um problema, e a mulher é quem deve resolvê-lo, abdicando da sua liberdade.
o também, sabia? Lembra de todo o carnaval feito em cima da armadura com mamilos de um Batman aí? (escrevi sobre isso). Quem armou todo o auê, homens ou mulheres? Eu me recordo de quando algumas mulheres, no início da década de 80, quiseram fazer topless em praias cariocas. Elas quase foram linchadas. Precisaram de escolta policial pra sair. Quem quase linchou? Homens ou mulheres? Eu nunca ouvi um homem dizer “Ué, não teria problema algum se as mulheres saíssem sem roupa” sem o adendo “mas só as gostosas, mulher feia nem deveria poder ir à praia”. Então não estamos falando de liberdade, né? Estamos falando de homens ditarem pras mulheres quando, quem e onde elas podem fazer o quê com o corpo delas.
poucos anos. Agora se alastrou, e como adoramos importar o que não presta dos países desenvolvidos (só o que não presta, como algemar criminosos), importamos mais esta barbaridade pro Brasil. Tá se alastrando. Precisamos lutar contra mais essa barbárie.
mencionarem vaginas gigantes e sangrentas. Ahn, dica. Gente, tem um nome pra quem diz que anatomia feminina é nojenta, algo do qual as mulheres deveriam se envergonhar: misógino. O substantivo é misoginia. Vocês devem ter ouvido falar. Afinal, é isso que vocês fazem pra viver.