O Assassinato de Bush (ou A Morte de George W. Bush) me decepcionou. Não, não o ato em si, que seria a única coisa capaz de levantar a popularidade do presidente americano mais impopular de todos os tempos (ou pelo menos desde que inventaram as pesquisas de opinião), mas o documentário de mentirinha que trata desse cenário fictício. A idéia do filme é provocante, sem dúvida. Porém, a execução não passa disso. Se me falassem, “Fizeram um filme sobre o Bush sendo baleado”, meu fascínio seria o mesmo que depois de ver o documentário. Ele é meio fraquinho. A montagem é boa, os protestos em Chicago parecem reais, e foi instigante ouvir alguns slogans como “Hey, Bush, what do you say? / How many kids did you kill today?” (“E aí, Bush, o que você diz? Quantas crianças você matou hoje?”). Mas o filme tenta ao máximo não ofender ninguém – o que não adiantou, já que as distribuidoras americanas recusaram-se a exibi-lo no cinema -, e não tem nada de humor. Quero dizer, nem numa cena como a que os médicos dizem que Bush recebeu dois tiros e será operado, mas que a perspectiva é boa porque o coração dele é mais forte que o das pessoas de sua idade? Uma frase dessas não deveria gerar nem uma gargalhadinha? Não, porque o tom é de respeito total. Quando Bush é enterrado como um grande estadista, o filme não faz nenhum esforço pra contradizer a asneira. E a gente realmente precisa de um documentário pra saber que as liberdades pessoais nos EUA estão comprometidas e que os muçulmanos são sempre os principais suspeitos? Sem falar na ironia suprema: de que adianta liquidar o Bush, se seu subsituto será o... Dick Cheney?!