Atriz que não é nem mencionada no poster e o Matt Damon
dos irmãos Coen. Ri um monte com Queime Depois de Ler, acho a primeira metade de Onde os Fracos Não Têm Vez brilhante (a segunda parte não gosto nadinha, mas a culpa é do romance); amo Fargo de paixão; adoro o ritmo esquisitão de Arizona Nunca Mais, e por aí vai ― isso só pra citar meus preferidos. Pra falar a verdade, não tem alguma obra dos dois que eu não goste. Quer dizer, Matadores de Velhinha e Na Roda da Fortuna eu considero dispensáveis, e o primeiro filme deles, Gosto de Sangue, me dá sono. De todo jeito, Bravura entra como o único filme deles que não me cativou.
O que é estranho, porque parece ser o maior sucesso de bilheteria que eles já tiveram. O filme foi muitíssimo bem recebido por crítica e público, está concorrendo à uma penca de Oscars ― pelo jeito a anomalia sou eu. É que definitivamente não vi nada de m
ais nele. Nada da originalidade dos Coens. Apenas um western convencional, tudo que já vi em três episódios da série Deadwood. Convenhamos, se não estivesse escrito lá, em letras garrafais, que é um filme dos Coen, a gente jamais desconfiaria, né? Podia ser de qualquer um. E na realidade, por ser uma refilmagem (os Coen geralmente produzem seus próprios roteiros originais), dá essa sensação de ser tão não-autoral.
ayne. E certamente o remake dos Coen não me deixou com vontade de vê-lo. Aliás, fiquei foi com vontade de ver um documentário lançado no ano passado, Reel Injun (trocadilho entre real e reel, que é bobina de filme, e Injun é como os cowboys americanos dizem Indian), sobre a representação criminosa ― da qual John Wayne tem destaque especial ― que Hollywood sempre fez dos índios. Se bem que li que metade do documentário se dedica a falar mal de um filme que gosto muito, Dança com Lobos. Mas vou ver o doc e volto aqui pra contar pra vocês.
Sobre Bravura de 2010, nenhum ator me chamou a atenção. Levei meia hora pra reconhecer o Matt Damon. O papel do Jeff Bridges não parece difícil de fazer ― é de um bêbado com tapa-olho falando
enrolado. Os holofotes sobram mesmo pra Hailee Steinfeld, uma menina de 14 anos que faz Mattie, o fio condutor da história. Ela contrata o Jeff, e depois o Matt, pra capturarem o Josh Brolin, empregado de seu rancho e que matou o seu pai. E a trama é essa, os três cavalgando por aí, brigando entre si e encontrando alguns fora-da-lei pelo caminho, até chegar a um desses finais absurdos cheios de coincidências em que tudo acontece
ao mesmo tempo. E nesses westerns eu sempre fico com pena dos cavalos.
oeste. Agora, não há a menor dúvida que ela é a protagonista: é ela que narra a história, que une os demais personagens, que movimenta os conflitos, que aparece em quase todas as cenas, certo? Errado. Vejamos o poster. Nenhuma menção à atriz. No Oscar deste ano, ela tá concorrendo ― à atriz coadjuvante! Hã, como assim? Ela é coadjuvante de quem? Do tapa-olho do Jeff? Acho injusto com as outras indicadas à coajuvante que elas estejam disputando com a atriz principal de um filme. E parece desonesto, e até machista, não reconhecer que ela é a protagonista inquestionável de Bravura.
Faroeste é um gênero eu eu gosto, porque tenho curiosidade em saber como as pessoas viviam (principalmente os homens; havia poucas mulheres naquelas bandas). O tema da fronteira americana também me interessa, assim como a re
presentação dos índios. E o revisionismo histórico de Imperdoáveis, que desconstrói toda a mitologia em torno do cowboy, eu acho fascinante. E, assim, nenhum desses temas foi explorado por Bravura. O que me deixa morrendo de desejo de rever (e finalmente escrever sobre) Era uma Vez no Oeste.