Vê se essa cena não parece saída de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu
ocante dentro do troço; nenhuma comete suicídio por ficar exposta à musak, tradicional música de elevador). Descobri que o terror foi refeito em 2001 pelo mesmo diretor, então com a Naomi Watts. Existe também um curta de meia hora chamado Lift, sobre um ascensorista que nunca saiu do elevador em que trabalha e se apaixona por uma digitadora que tem fobia de elevador. Ou seja, praticamente todas as histórias envolvendo elevadores são interessantes. Foi por isso que pensei ao ler a sinopse de Demônio ― cinco pessoas ficam presas dentro de um elevador, e uma delas é o coisa ruim ―, opa, isso aí pode dar samba (eu tenho problemas psicológicos, você já deve ter notado).
mo sua mãe sempre lhe falava do diabo. Aí temos um suicídio (nunca explicado) de um sujeito que pula do alto de um edifício. Entra em cena um detetive (o único nome famoso do elenco, Chris Messina, de Julie & Julia, Vicky Cristina Barcelona, e o namorado da Claire na última temporada da minha série de TV preferida de todos os tempos, A Sete Palmos) com problemas de bebida (toda vez que eu falo isso me lembro de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu ― agora mais na memória ainda por causa da morte do Leslie Nielsen ―, em que o “drinking problem” do protagonista consiste em de
rramar o copo na testa dele) após ter perdido sua mulher e filho num acidente de automóvel (essa última sentença deve ter sido um horror de ler, com tantas interrupções, né?). Na real, Cris faz um dos detetives mais incompetentes já vistos no cinema, quase rivalizando com o Inspetor Clouseau. Tá, exagero, mas me diga se não merece um Distintivo de Ouro (lembrei de novo do Leslie Nielsen, em Corra que a Polícia Vem Aí, que eu amo) um tira que, lá pela segunda ou terceira vítima no elevador, decifra que uma figura foi contratada para matar uma das pessoas lá dentro, e as outras mortes seriam só pra disfarçar?
ples porta de elevador, e o zelador (que, assim como os bombeiros, some durante meia hora do filme e aparece de repente, pra novamente não fazer nada que preste). O guardinha do prédio que assiste a tudo por meio de uma câmera de TV na sua sala não é exatamente um inútil (pelo menos ele acredita que há um demônio lá dentro), mas é um mala de qualquer jeito. Imagine você numa situação de terror, como estar preso num elevador. Aí imagine um guardinha que só se recorda de desligar a musak que toca lá um tempão depois, pra substitui-la por orações, do Pai Nosso a Ave Maria (tipo, se você estivesse preso com Belzebu num elevador, gostaria que uma voz provocass
e a fúria dele?). Nas horas vagas, o gigante intelectual que é esse guardinha gosta de jogar no chão torradas com geleia para provar por a + b que Satanás está presente. Juntando tudo isso, talvez a gente encontre uma explicação para por que um anônimo se suicidou no começo da trama.
as é a primeira parte de uma trilogia que leva seu nome, a Night Chronicles, todas lidando com temas sobrenaturais. Shya causou sensação com um grande terror, O Sexto Sentido, fez bonito com Corpo Fechado, derrapou feio em Sinais, recuperou-se um pouquinho (pelo menos eu achei, na hora; hoje não tenho mais tanta certeza) com A Vila, e chegou ao fundo do poço com Fim dos Tempos. Atualmente ele deve ter tantos admiradores quanto detratores. Eu sempre dou uma colher de chá, mas suas marcas registradas (Filadélfia, mais a total falta de humor e a religiosidade exagerada) começam a me cansar. Quero dizer, quem mais bolaria uma história sobre um demônio num elevador pra chegar à conclusão que, se o enxofrudo existe, é prova que deus também existe
, então tá tudo bem? E entendo que Demônio seja uma produção B, de baixo orçamento, mas até aí O Nevoeiro também era, o que não o impediu de tornar-se o melhor terror da última década.
tarão unir os quatro medos num só filme no futuro (estranhos ficam presos com demônio dentro de um elevador num avião cheio de cobras soltas. Jogue aí umas baratas e realmente temos um filme de terror). E quer saber? Aposto que a conclusão não será “Ah, isso é um claro sinal que deus olha por nós”.