GOLPE! DILMA ELEITA COM MINORIA DOS VOTOS!
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GOLPE! DILMA ELEITA COM MINORIA DOS VOTOS!


Com uma avalanche de votos, Serra é que deveria tomar posse.

Na mesma noite da apuração de votos, no último domingo (não parece que faz mais tempo? É que o alívio é grande!), os analistas da GloboNews falaram uma besteira atrás da outra. William Waack disse que a vitória de uma primeira presidenta era desprezível, e que a importância maior era que se tratava da eleição de uma primeira pessoa desconhecida. Sei. Porque quando Collor foi eleito com o total apoio da sua emissora, ele era famosíssimo em todo o Brasil, certo? Porque Anastásia, governador eleito no primeiro turno em Minas, distribuía autógrafo quando andava pelas ruas de Belo Horizonte, né? Aham. Senta lá, William. Mas essa besteira foi fichinha perto de outra. Não lembro quem falou, só sei que se alastrou como praga por um grupinho de péssimos perdedores: que Dilma não foi legitimamente eleita, pois não teve a maioria dos votos.
Bom, talvez eles não falem em “legitimidade” assim, com todas as letras, porque pega mal, lembra golpismo puro e simples. Preferem falar em força eleitoral. Como Dilma teve “apenas” 56 milhões de votos (arredondando), e a população do Brasil é de quase 190 milhões, e 136 mi estavam aptos a votar, foi só uma minoria ínfima que votou nela (nessas análises, os votos do adversário desaparecem. Parece que Dilma disputou sozinha).
Pra fazer essas análises rasas, o pessoal contabiliza todo mundo que não votou (29 milhões de abstenções) ou que anulou o voto (4,7 mi, ou 4,40% dos votos), ou que votou em branco (2,4 mi, ou 2,30%) como voto contra a Dilma. Em outras palavras, não é que Serra teve “apenas” 44 milhões de votos. No fundo, ele teve 80 milhões, entende? E olha a injustiça do nosso sistema eleitoral: mesmo com essa avalanche de votos, perdeu, playboy!
É pra rir ou pra chorar? De onde esses lunáticos tiram que voto branco ou nulo é contra a Dilma? Esses votos em geral são contra o sistema. É de gente que não gosta de ser obrigada a votar. É de gente que, se pudesse, não estaria lá. E é também de gente que errou o voto. Tem gente que erra, sim, e aí o voto é anulado. Mas é mais de gente que não quer nem Dilma, nem Serra. Portanto, como interpretar que esses votos são do Serra? Pô, eu cansei de anular voto no segundo turno em SC. Eu podia escolher entre o Luiz Henrique, o Amin, e o nulo. E eu nem piscava. Da última vez o Luiz Henrique ganhou. Isso quer dizer que eu votei no Amin? Nem a pau!
E as abstenções, então? Tudo voto do Serra? Uma das melhores análises dessas eleições foram as fotos e legendas que a Uol publicou com eleitores paulistas que trocaram as urnas pela praia. Até aí tudo bem. Mesmo com o voto obrigatório, todos têm direito de não comparecer. Podem justiticar, ou simplesmente dizer “dane-se” (o que pode causar problemas futuros pra fazer concurso público). O que fica chato é não ir votar e enxergar uma teoria da conspiração do governo que — olha que malvado! — agendou o segundo turno logo no meio de um feriadão pra impedir o cidadão de bem de votar no Serra!Abstenções têm de monte, sempre, e as do segundo turno ficaram em 21,5%, número apenas um pouquinho maior que no primeiro turno, que também não foi nada de excepcional (ou os analistas realmente acreditam que abstenções foram uma invenção dessas eleições?). Pessoas deixam de ir votar por mil e um motivos: algumas morrem (e seus nomes continuam na seção eleitoral), algumas estão internadas em hospital, algumas viajam (o maridão quase foi jogar um torneio de xadrez em Recife; eu, em 2008, cheguei em Joinville faltando cinco minutos pras urnas fecharem, porque tive um congresso na Argentina — felizmente deu tempo de votar no Carlito), algumas nunca transferem o título pra cidade nova. Eu conheço um monte de gente de esquerda, eleitor do PT, que não vota nunca, porque se mudou faz um tempão e não transferiu o título, seja por inércia, seja por medo de ser chamado pra ser mesário. Eu critico: acho que votar é nosso direito e dever de cidadão.
Mas, sinceramente, não tenho opinião formada sobre o voto ser obrigatório. O princípio do voto obrigatório é o mesmo de ter um segundo turno: fazer com que o candidato eleito ganhe com o voto da maioria que votou. Até 1988 a gente só tinha um turno, e isso causava algumas surpresas. A Erundina jamais teria sido eleita prefeita de SP em 88 se houvesse um segundo turno. Mas não tinha (e as regras valiam pra todos), então ela conseguiu 33% dos votos válidos e levou (graças aos bons céus!). Eu passei metade da minha vida pensando que, se o voto fosse facultativo, o PT nunca perderia uma eleição. Porque, em geral, eleitor do PT — ao menos aqueles 25% a 30% que votam no partido, independente do candidato — é mais politizado, mais aguerrido, mais apaixonado que eleitor tucano que perde o voto mas não perde o feriado. Só que hoje não tenho mais certeza. Tem eleitor do PT que não transfere o título, que viaja, que fica com preguiça de votar. Mas parece bastante óbvio que, se o voto não fosse obrigatório no Brasil, teríamos índices de comparecimento às urnas bem próximos aos dos EUA: mais ou menos uns 50% de quem poderia votar de fato votaria (e só pra lembrar: Obama foi eleito dois anos atrás com 53% dos votos contra 46% do McCain. Uma diferença de 7%. Aqui foi 56% a 44%, 12% de diferença. Só que lá, como eles têm uma democracia amadurecida, ninguém questionou a legitimidade de Obama. Bom, questionaram, dizendo que ele não é americano. Tá, risca a parte da democracia amadurecida).
Enfim, a verdade verdadeira é que essa gente que diz que Dilma foi eleita por uma minoria dos votos está inconformada com a derrota do seu candidato. E aí criam várias explicações: foi o Nordeste atrasado que elegeu Dilma, foi Aécio em Minas que derrotou Serra, foi o feriadão que interferiu, foi Dilma que foi rejeitada pelas urnas. O que eles querem dizer mesmo eu traduzo pra vocês: "Putz, esse negócio de democracia é muito bonito quando a gente ganha, mas quando perde é pedreira, hein? Isso de deixar qualquer um votar tem que ser revisto! Quando a gentalha, os nordestinos, os analfabetos elegiam o Collor e o FHC tudo bem, naquela época sim esse povinho sabia votar. Mas parece que desaprendeu! Desde 2002 só vota errado, onde é que já se viu?!".
Já faz um tempão que um troll meu disse que só gente com nível superior (acho que ele tava falando de diploma universitário, mas com esse pessoal fascistóide não dá pra saber) deveria poder votar. Depois ele pensou melhor, viu que gentinha como eu, uma doutora, continuaria votando na esquerda, e refez sua opinião: só empresário deveria poder votar! E tenho certeza que não seria qualquer empresário — melhor fazer um tipo de pré-seleção antes de estender a democracia pra qualquer um! Bom, quem sabe assim, apenas com empresários pré-selecionados votando, e desde que a eleição não caísse num feriadão, talvez Serra seria eleito com grande maioria dos votos. E com legitimidade!

P.S.: Olha o que encontrei: números! O total de abstenções e votos inválidos no primeiro turno dessas eleições históricas ficou em 25,19%. No segundo turno, em 26,76% (e preciso dizer que o segundo turno, que sempre cai no último domingo de outubro, não foi
conspiração do Lula, mas marcado dez anos antes por FHC?). No segundo turno de 2006, o total das abstenções e votos inválidos foi o menor de todos: 24%. Em 2002, 25%. Puxa, quem diria?! Até pra votar no Lula não foi todo o mundo que compareceu! Mas o mais engraçado é o índice das eleições que deram vitória a FHC, sempre no primeiro turno. Em 1994, o total de abstenções e votos nulos e brancos foi de 32%. Em 98, na sua gloriosa reeleição, de 36%. Putz, então ele governou durante oito anos sem a maioria da população?! Podemos pedir um impeachment retroativo pra ele? Fora FHC!




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