Ontem, Dia Internacional do Combate à Violência contra a Mulher, Ligia lançou um convite para que participem da sua pesquisa. Quem é Ligia, e qual é a pesquisa? Ligia Moreiras Sena é bióloga formada pela UNESP, mestre em psicobiologia pela USP, doutora em farmacologia pela UFSC. Depois do nascimento da sua filha (hoje com 1 ano e 4 meses), envolveu-se ati
vamente na questão do respeito ao parto e nascimento, da maternidade ativa e do empreendedorismo de mulheres profissionais que se tornaram mães. Ficou sabendo que algumas de suas amigas haviam sido extremamente desrespeitadas em seus partos, sendo agredidas verbalmente e vítimas de humilhações. Não conseguiu se conformar. Decidiu abandonar a carreira antiga e fazer um novo doutorado. Agora ela é aluna novamente, no programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da UFSC, estudando a violência sofrida por mulheres em trabalho de parto. Ela é mãe, professora, ativista e feminista (e, por coincidência, mulher do chargista Frank Maia, meu “colega” no jornal A Notícia).
mais dominadoras, mais opressoras, pela sutileza com que se escondem no contexto institucional, nas relações sociais e nos significados simbólicos. É a ocorrência e a natureza de um desses tipos de violência, ou de práticas desrespeitosas, que ocorrem em instituições de saúde que queremos alcançar com esta pesquisa: a violência e o desrespeito vivido por mulheres em trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Uma forma de violência que não é conscientizada como tal e que representa, de ce
rta forma, um processo de dominação. Muitas vezes, atitudes de violência, desrespeito e maus tratos são observadas contra mulheres em trabalho de parto e parto sem ao menos que os profissionais de saúde percebam que estão agindo assim. São ações e condutas encaradas como “normais” e rotineiras. Essa violência pode ser expressa, de acordo com alguns pesquisadores, desde a negligência na assistência, discriminação social, violência verbal –- tratamento grosseiro, ameaças, reprimendas, gritos, humilhação intencional -– e violência física, até o abuso sexual. Outras pesquisas ta
mbém incluem como um tipo de violência o uso inadequado de tecnologia, com intervenções e procedimentos muitas vezes sem a real indicação, resultando numa cascata de intervenções com potenciais riscos e sequelas, físicos ou emocionais.
da saúde e dirigido à parturiente e/ou seus acompanhantes; uso de relações de poder para impor práticas injustificadas; uso de palavras ofensivas e desrespeitosas ou de ironia e escárnio dirigidas à parturiente e/ou seus acompanhantes; e outras práticas que tenham sido problematizadas pelas mulheres que viveram situações de violência, desrespeito ou maus tratos e interpretadas como tais pelas mesmas.
cadores instantâneos da internet que permitam uma videochamada e se iniciarão no primeiro semestre de 2012. Acreditamos que a amplitude que a internet traz facilitará a participação de muitas mulheres, de diferentes locais, inclusive as que estão comprometidas com seus trabalhos ou filhos, ou os dois, que terão a liberdade de agendar as entrevistas de acordo com sua disponibilidade, sem ter que se deslocar a nenhum outro lugar.
te, mulheres que tenham se sentido desrespeitadas em seus partos poderão inserir seus e-mails de contato e serão contatadas para que maiores informações sobre a pesquisa sejam fornecidas. A pesquisa faz parte do desenvolvimento do meu doutorado em Saúde Coletiva, realizado na UFSC, no Departamento de Saúde Pública.