Revi Grease, Nos Tempos da Brilhantina. Tenho o musical em dvd. Aliás, se tem um gênero que vale a pena colecionar é musical, porque a gente (ok: eu) não se cansa de assistir. Tenho vários: Cabaret, Cantando na Chuva, A Noviça Rebelde, Amor Sublime Amor, Núpcias Reais (aquele em que o Fred Astaire dança no teto), Os Embalo
s de Sábado à Noite, South Park, Chicago, e o indiano Bride and Prejudice. Outro dia a gente gravou três que eu amo, Hair, A Pequena Loja dos Horrores, e Across the Universe. Mas não é a mesma coisa. Meu aparelho de dvd tá fazendo corpo mole pra ler downloads. E por que não tenho Sweeney Todd, que certamente é um dos musicais mais marcantes dos últimos anos?
Mas falando em Grease, de 1978: é um clássico. Indiscutivelmente, o John Travolta é um ícone. Eu nunca o achei bonito, mas ele tinha (tem ainda) presença, carisma, e um jeitão de não se levar muito a sério, além de ser um dançarino excepcional. E dá pra notar que o Tarantino viu Grease várias vezes antes de
compor o personagem do John em Pulp Fiction. Tem até uma parte em que as meninas passam pra Sandy (Olivia Newton-John) uma garrafa pra ela beber pelo gargalo e, diante da sua hesitação, dizem “Pode tomar. Não temos sapinho”. É a mesma fala que a Uma Thurman diz pro John em Pulp Fiction, quando ela passa seu milk-shake de 5 dólares pra ele tomá-lo com canudinho. Só que aí ele responde: “Talvez eu tenha [sapinho]”. Acho que fazendo um esforço, a gente pode interpretar todo aquele encontro do John com a Uma (num bar que imita os anos 50, ainda por cima) como uma releitura de Grease.
Quem eu mais gosto de Grease depois do John é a Stockard Channing, que faz a líder das Pink Ladies. Adoro a cena em que ela canta “Look at me, I'm Sandra Dee”, parodiando a Sandy feita pela Olivia.
Tadinha, nada contra a Olivia, mas seu personagem é um zero à esquerda, puro água com açúcar. Pelo menos ela se transforma sozinha no final (ao contrário da transformação forçada de Clube dos Cinco, em que a Molly Ringwald “ajeita” cabelo, rosto e vestuário
da Ally Sheedy para que ela possa ser aceita pelo Emilio Estevez, o que nega todo o espírito do filme). E a transformação da Sandy é mais que física, é de atitude. Ela parte do princípio que é superficial e que deve ter mais substância que a sua aparência revela, e daí passa a usar couro justo e cabelo encaracolado. Mas talvez a partir daí ela pare de ficar toda feliz pelo John dar-lhe seu anel, pois isso representaria que ele “a respeita”. Ela se cansa de ser a Sandra Dee dos pobres.
Pra ser franca, Grease é uma tragédia nos intervalos dos números musicais. Diálogos sofríveis, atuações exageradas, e toda uma galera que tem que ter 18 anos e não aparenta ter um dia menos do que 35. Mas “Summer Nights” (minha cena favorita de todo o filme é quando os garotos dançam passinho por passinho na arquibancada), “Grease Lightning” e o concurso de dança da escola valem qualquer sacrifício.
Minha cena preferida de Grease. Qual é a sua?