O FMI e as fraquezas do Brasil - EDITORIAL O ESTADÃO
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O FMI e as fraquezas do Brasil - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 22/02

O Brasil precisa ajustar sua política econômica para enfrentar as turbulências externas a curto prazo e para retomar o crescimento com segurança, segundo estudo sobre perspectivas globais preparado por técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Elaborado para subsidiar a próxima reunião de ministros de Finanças do Grupo dos 20 (G-20), o documento apresenta projeções de crescimento mundial neste ano e no próximo, faz um balanço de riscos e aponta linhas de ação para as principais economias. O cenário geral é de atividade mais intensa, principalmente por causa da retomada nos Estados Unidos e em outros países do mundo rico, mas a recuperação continua frágil. Os mercados ainda estarão sujeitos a bruscas mudanças nos fluxos de capitais, aumento dos juros e fortes depreciações cambiais nos emergentes. Os problemas poderão ser especialmente sérios para os países com políticas fiscais de baixa credibilidade.

A economia global deve crescer 3,7% neste ano e 3,9% em 2015, pouco mais que o previsto em outubro, na última reunião anual do FMI e do Banco Mundial. O cenário é essencialmente igual àquele apresentado em janeiro, na primeira revisão dos números de outubro.

O Brasil deve repetir em 2014 a expansão estimada para o ano passado, de 2,3%, e atingir o ritmo de 2,8% no próximo ano. As duas projeções são menores que as de quatro meses atrás. Revisões para menos tanto em 2014 quanto em 2015 só foram feitas para quatro membros do G-20: Austrália, Brasil, Indonésia e Rússia, mas apenas os três últimos são citados quando se tratou de vulnerabilidades.

A mudança da política monetária nos Estados Unidos, com a redução dos estímulos ao crescimento, é mais uma vez apontada, nesse relatório, como causa de perturbação nos mercados financeiros. Com menor expansão do dinheiro disponível, os juros tendem a subir, as avaliações se tornam mais severas e os financiamentos mudam de rumo, migrando para destinos considerados mais seguros. Os primeiros impactos foram mais fortes em países com inflação mais alta e maiores déficits na conta corrente do balanço de pagamentos. Brasil, Indonésia, Turquia e África do Sul são os exemplos apontados.

O Brasil é citado também entre os países com baixo crescimento associado à baixa demanda interna, ao lado de Indonésia, Rússia e África do Sul. A avaliação, nesse caso, parece um tanto estranha, porque a demanda interna, no Brasil, tem sido vigorosamente sustentada pelo consumo privado e pelos gastos do governo. Pode ter havido um enfraquecimento em 2013, quando o consumo perdeu impulso. Mas a inflação elevada e a sensível piora do saldo comercial indicam a persistência de um amplo desequilíbrio no mercado interno.

Os problemas brasileiros são facilmente reconhecíveis, no entanto, quando o relatório menciona os países com problemas nas contas públicas e aponta a atividade "quase fiscal" do Brasil e da China. No caso brasileiro, isso é uma referência aos enormes aportes do Tesouro aos bancos federais, especialmente ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esse tipo de política, segundo o documento, aumentou os riscos para as finanças públicas. Os governos precisam reduzi-las e também tornar essas operações mais transparentes. Embora sempre tenha rejeitado as críticas à promiscuidade entre o Tesouro e os bancos estatais, o governo já anunciou a intenção de reduzir as transferências e de rever o estilo de operação do BNDES.

O Brasil é ainda citado entre os países com gargalos de infraestrutura e problemas de regulação. Reformas, investimentos, ajustes e revisões de estratégias são necessários também no mundo rico e enumerados no relatório. Mas as piores vulnerabilidades estão nos países emergentes, especialmente naqueles com problemas fiscais, inflação alta e deterioração das contas externas. O Brasil obviamente se qualifica em todos esses quesitos. Os mercados sabem disso. Pode-se discutir esta ou aquela avaliação, mas é um despropósito acusar o banco central americano ou o FMI de preconceito, distorção, ou, como diria um ministro brasileiro, de fazer beicinho.




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