Viram essa notícia recente sobre o gato ladrão na Califórnia? Parece que, em três anos, o pequeno felino surrupiou 600 dos mais diversos objetos de seus vizinhos. Uma câmera o pegou no flagra (adoro essas fotos de flagrantes de gatos! Observem as pup
ilas!). Imagino que ele coletava uma esponja num banheiro de alguém, levava pra casa, e a deixava de presente pro seu dono. Melhor que encontrar baratas e lagartixas decapitadas na cama da gente, à la Poderoso Chefão. Mas esse tipo de comportamento felino pode acabar com um casamento: de quem é essa calcinha aqui? Se bem que se todo dia você encontrasse objetos estranhos na sua casa (“esse dinossauro de brinquedo é seu?”), você desconfiaria. E o gatuno deve dormir o dia inteiro depois de uma noite tão movimentada... Mas o mais legal é que ninguém pode acusar o dono de treinar o gato pra roubar. Porque tente treinar seu gato pra fazer qualquer coisa (não quero me gabar, mas meu Calvin joga futebol que é uma beleza).
onsagrado diretor de teatro da cidade. Ele é meio indiferente aos animais, não gosta nem desgosta, então sua casa é a única por perto sem cachorros no quintal. E os gatos adoravam essa zona franca. O portão do Silva tava velho, tinha uns buracos, e os gatinhos aproveitavam a passagem pra se divertirem lá à noite. Não no sentido de diversão que você tá pensando, já que o Calvin, meu gatinho amarelo, a Blanche, minha gata esplendorosamente preta, e o gato de outro vizinho, que minha mãe chama de Sadô porque ela jura que ele gosta de sofrer (o gato, gente, pelamordedeus, não o vizinho!), são todos castrados. Ninguém sabe ao certo o que os gatos fazem nesses territórios comunitários, sem dono (o Silvestre não conta, coitado). Mas há relatos que e
les deixam as desavenças de lado, pois as desavenças costumam ser territoriais, e nas zonas livres não existe o rei da cocada preta. Pode até ser que a Blanche e o Calvin, que normalmente olham feio pro Sadô, dêem banho de língua nele quando estão na Terra de Ninguém. Ou talvez eles só conversem. Quer dizer, agora não mais. Agora o portão novinho do Silva não dá mais acesso.
é meu, cheguei primeiro”. Outro dia presenciei uma cena bizarra – o Calvin se esfregou no meu cachorrinho Hamlet que, sentado, imóvel, tentava vigiar sua comida. O Cal não quis nem saber: passou deixando suas glândulas aromáticas no Ham até chegar à comida dele, e aí pôs a patinha no prato, só pra garantir. Ao cão, só lhe restou ficar estupefato com a cara de pau felina. São ou não são bichinhos admiráveis?