correio. O pobrezinho não fez muita coisa esta semana além de ir a três agências postais, todas longe. Nenhuma queria aceitar o pacote (pré-pago), o mandavam pra outra agência, ou falavam que tava faltando um formulário que nunca veio. Se já é impossível mandar o pacote de volta, como será a novela pra que eles devolvam o dinheiro? O maridão tá com medo e já cogita ficar com a máquina mesmo, que é boa, apesar de usada, ou comprar outra e revender esta no Brasil. Eu não sei, fomos engabelados e eu preferiria devolver, mas se tá tão difícil...
email, sem sucesso. Disseram que estavam muito honrados com a minha mensagem, mas ligue pro 0800, sua desgraçada. Liguei. A representante que me atendeu levou uma eternidade pra encontrar a minha conta e, quando finalmente encontrou, comunicou que não havia rebate nenhum. O plano que eu havia contratado não permitia o desconto, segundo ela. Eu quis saber: “Mas como? Foi o vendedor de vocês que me garantiu isso. Eu não teria comprado se não fosse pelo desconto”. E tudo que a mulher conseguia dizer era “Sinto muito se você foi mal-informada”, daquele jeito americano de fingir ser respeitoso quando no fundo quer te mandar pro inferno. A conversa foi ficando repetitiva – a mulher só dizia a mesma coisa, e eu só explicava o meu drama e afirmava que isso era inaceitável -, até que tive de apelar pra falar com algum gerente. Ela disse “Yes, ma’am” e me deixou uns vinte minutos na linha com alguma musiquinha detestável. Finalmente a gerente atendeu, repetiu a ladainha da representante, disse que não havia meio de conceder um rebate. Eu disse que isso tava se parecendo com um episódio de Além da Imaginaç
ão, e ela cedeu: “O melhor que podemos fazer é não cobrar a sua mensalidade de 39 dólares”. Eu aceitei, porque estava esgotada, mas quem me garante que na próxima ligação não vão dizer que é impossível conceder esse desconto, sentindo muito por eu ter sido tão mal-informada? Morram!
n há uma lei (estadual, não federal) pra tentar defender os consumidores dessa prática. Diz que, se o produto passar pelo caixa com outro preço do que estava na prateleira, o supermercado deve pagar cinco vezes a diferença, num limite de até cinco dólares. Na teoria é uma beleza, mas tente cobrar. Não funciona. Os supermercados fingem que nunca ouviram falar, e quando se convencem que sim, talvez essa lei não seja uma fantasia do cliente lesado, mandam você voltar em uma semana. A gente mora longe dos supermercados e não tem carro. É duro voltar depois (pra eles te fazerem de bobo de novo). Portanto, eu nem tento fazer com que a lei seja cumprida. O que faço é fiscalizar cada produto que passa no caixa, apontar a diferença de preço na hora, e exigir a correção imediata. Leva um pouco mais de tempo, os outros clientes acham que sou louca, as caixas me detestam, mas é necessário. É meu direito pagar apenas o preço que está na prateleira, bolas! É dever do supermercado cobrar um só preço, ao invés de tentar pegar o consumidor distraído. E não acho que é descuido do supermercado, não. Seria se acontecesse uma ou outra vez. Quando acontece em 80% das nossas idas às compras, começo a suspeitar que é má fé mesmo. Desta vez, qual foi o produto? Ah, um pimentão amarelo que só comprei porque estava
1,99 o pound (meio quilo), o mesmo preço do pimentão vermelho. Ao passar no caixa, a mulher quis cobrar 2,99 o pound. Eu disse que o preço não era aquele, e ela, com a maior má vontade do mundo, gritou prum funcionário da seção de hortifrutis, que confirmou que era 1,99. Logo depois, erro em outro produto: um pacotinho de biscoitos que devia custar 1 dólar tava passando por 1,19. Acusei e disse que esse ela nem precisava checar com alguém – o preço tava no próprio produto, na cara dela. Ela argumentou que precisa checar, porque às vezes só aquele pacote em particular tá errado (isso não cheira à acusação de que o cliente trocou a etiqueta?). Então ela perguntou pra um rapaz que tava passando quanto custava aquilo, e o cara, sem parar, gritou: “1,19!”. A caixa me deu um olhar de “Tá vendo?”. E eu: “Tá escrito 1 dólar aí no pacote! E todos os pacotes na prateleira estão com o mesm
o preço”. Enquanto o homem foi lá verificar, totalmente a contragosto, reclamei com a caixa: “Não é possível! Todos os produtos estão marcados errado? É preciso mesmo checar um por um?”. E a mulher, com a cara mais antipática que vejo em meses, lixando-se pra polidez hipócrita dos americanos: “Faz parte da vida!”. Eu só pude dizer: “Não, não faz parte da vida! Não deveria fazer parte da vida ser enganada toda vez que entro num supermercado!”. Foi o tempo da víbora se lembrar do treinamento recebido e responder, nervosa: “Você tem razão, não faz!”. Saí de lá bufando, virei pro maridão e desabafei: “Amor, tô me cansando deste paisinho”.