Pau e circo - NELSON MOTTA
Geral

Pau e circo - NELSON MOTTA


O GLOBO - 30/05

Após sete anos, das 167 intervenções urbanas prometidas, só 68 estão prontas e 88 atrasadas, e Lula explicou: ?Vai levar alguns séculos para a gente virar uma Alemanha?


?Macaco que muito mexe quer chumbo? é um velho e sábio ditado mineiro sobre os perigos da superexposição e do exibicionismo, mas certamente nem passou pela cabeça de Lula e Ricardo Teixeira quando fizeram o diabo para trazer a Copa do Mundo para o Brasil, imaginando os benefícios políticos e comerciais e esquecendo os riscos e consequências de se colocar no centro das atenções do mundo como sede de um evento dessa grandeza. E veio chumbo grosso.

Recebidas como ofensas ao país, as críticas internacionais foram respondidas com bravatas grandiosas e apelos ao patriotismo paranoico, como se os estrangeiros só revelassem as mazelas e precariedades que estamos cansados de conhecer por maldade, inveja e má-fé, ou talvez por tenebrosas conspirações para atrapalhar a nossa Copa. É reserva de mercado: só nós podemos nos esculachar.

Mas, depois de sete anos, das 167 intervenções urbanas prometidas, só 68 estão prontas e 88 atrasadas, e Lula explicou tudo: ?Vai levar alguns séculos para a gente virar uma Alemanha.?

O complexo de vira-latas também se caracteriza pela incapacidade de reconhecer erros, de responder a críticas e de tentar disfarçar o sentimento de inveja e inferioridade com a força bruta de hipérboles, bravatas e rosnados. Quando Nelson Rodrigues disse que a vitória na Copa de 1958 nos livrou do complexo de vira-latas, ao contrário de Dilma, não entendi que havíamos nos tornado cão de raça ou mesmo cachorro grande, mas que nos livrávamos do complexo porque nos assumíamos como vira-latas bons de bola.

Sim, a vira-latice étnica e cultural é uma de nossas características mais fortes, para o bem e para o mal, e isso não há Copa nem metáfora genial que mude. Nesse sentido, ninguém é mais vira-latas do que os americanos, que também são os cachorros grandes do mundo.

Outra expressão atual da vira-latice é a ostentação, como o novo estilo de funk que celebra a riqueza e o exibicionismo, com orgulho e sem vergonha. É a trilha sonora perfeita para o Brasil ostentação da propaganda oficial que nos mostra no melhor dos mundos e fazendo a Copa das Copas.

Macaco que muito mexe?




- Preferências Nacionais - Nelson Motta
O GLOBO - 25/12 Como predileções da nacionalidade e da identidade cultural, futebol, música e política sempre andam juntos no Brasil, se integram e se complementam para expressar o momento do país O futebol, a música e a política sempre andam...

- O Complexo Do Mega-brasil - Ruth De Aquino
REVISTA ÉPOCA O problema do Brasil não é ter complexo de vira-lata, mas cultivar a obsessão do "mega". Uma obsessão cafona e perniciosa. Tudo precisa ser o "maior do mundo". E assim foi o Maracanã em 1950, construído em apenas dois anos. Que inveja...

- Lula Defende Copa No Brasil E Se Diz Decepcionado Com Críticas
 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a Copa do Mundo no Brasil e se mostrou decepcionado com as críticas sobre a realização do campeonato. Em evento na zona sul de São Paulo na noite desta quarta-feira (28), Lula disse que, em...

- A Copa E O Vexame Da Imprensa
Por Ricardo Amaral, no Jornal GGN: Não vejo base estatística em análises do tipo E a Copa ajuda Dilma... ou Com Copa do Mundo humor do pais melhora e Dilma cresce (Folha). Os candidatos permanecem na mesma faixa de intenções de voto desde abril,...

- Ronaldo Usa Copa Para Apoiar Candidato
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho: Ronaldo Fenômeno, maior artilheiro de todas as Copas e empresário bem sucedido, pode ser acusado de tudo, menos de ser um idiota, como o chamou o escritor Paulo Coelho, que estava a seu lado, entre outras...



Geral








.