A Mariana escreveu um longo (e meio agressivo) comentário num post meu recente. Eu quero (e vou) respondê-lo, mas agora ando realmente sem tempo. Ela acha que vou votar na Dilma por ela (a candidata do PT) ter uma vagina. Ledo engano. Só isso não é suficiente. Sei que ninguém precisa se lembrar de um post que escrevi há quase dois anos, na ocasião em que Hillary Clinton saiu da disputa para ser candidata a presidente pelo Partido Democrata e deixou o caminho livre para Obama. Mas acho que ele segue bastante atual, e gostaria de deixar um trechinho daquele post pra vocês discutirem (sorry, é o que posso fazer hoje!).
que só representam 13% da população). É meio difícil pra homens (e muitas mulheres) entenderem isso. A Fox, porta-voz da direita nos EUA, desde o começo pregou que essa seria uma corrida em que cor e gênero não contam. Mas como não contam, se todos os 43 presidentes americanos na história foram homens e brancos? Eleitores homens take for granted este pequeno detalhe. Assumem que é natural os eleitores escolherem o melhor candidato, ué, e calha dele ser homem e branco. Sempre. Compare essa reação - “é natural, sempre foi e será assim” - com a da esposa de 68 anos do meu co-orientador (ele apóia Obama, ela apo
iava Hillary). Ela me disse que essa era provavelmente a última chance na sua vida de ver uma presidente mulher no comando do seu país. É melancólico sim, e milhões de americanas brancas com mais de 50 anos estão se sentindo assim nesse momento. Órfãs. Abandonadas. O sonho acabou. Procure entender o sentimento. É triste constatar que houve tanta misoginia durante a campanha. Porque a gente imaginava que, apesar do retrocesso dos anos 80, a sociedade tivesse evoluído um pouquinho, e que chamar uma mulher poderosa de “vadia” apenas por ela ser mulher não seria mais aceitável. Engano nosso. E o mais tocante é ouvir o pessoal dizer “Não leve pelo lado pessoal. Não xingamos você, xingamos a Hillary”. Claro. Sendo que a única coisa que me une à Hillary é por ela ser mulher.
deixar claro que eu nunca votaria numa candidata apenas por ela ser mulher. Nunca gostei da Margaret Thatcher (e adoro como usam o nome dela como exemplo de como é comum eleger mulheres, embora ela tenha sido a única primeira-ministra na história da Inglaterra). Quero distância da Roseane Sarney. Jamais votaria na Ângela Amin, ou na Yeda Crusius, e em outras que estão à direita do meu espectro político. Mas adoraria que a Dilma Rousseff fosse candidata em 2010. E se ela for, os insultos que ouvirá – que nós mulheres ouviremos, mas não devemos levar pelo lado pessoal – serão parecidíssimos àqueles dirigidos a Hillary. 