SÓ RECONHECEMOS FAMÍLIAS HETERO

Essas coisas me deprimem. Aconteceu na Flórida. Uma mulher de 39 anos, lésbica, estava de férias com sua parceira e os três filhos delas, quando teve um aneurisma cerebral. Foi levada ao hospital, inconsciente. Lá sua parceira (de um relacionamento estável de quase 18 anos) tentou relatar o estado de saúde da sua amada aos médicos, mas foi impedida. Falaram pra ela: “Este é um estado anti-gay e uma cidade anti-gay” (Miami!), e não lhe deram nenhuma atenção pelas próximas oito horas. Não deixaram que ela ou os filhos entrassem no quarto. Simplesmente não reconheceram sua família como “família”. Quando a mulher morreu, recusaram dar à parceira um atestado de óbito. Agora essa família está processando o hospital, lógico.

Pra mim, essa situação é tão absurda quanto se tivesse acontecido comigo. Eu e o maridão estamos juntos há quase 18 anos, mas só nos casamos legalmente ano passado, pra podermos vir pros EUA. Imagine que, durante o tempão que eu e ele só moramos juntos, eu tivesse tido uma doença ou um acidente e, lá no hospital, se recusassem a falar com ele por não ter um pedacinho de papel pra comprovar nossa união estável. Provavelmente isso não aconteceria, porque olhariam pra ele, homem, e pra mim, mulher, e veriam que está tudo dentro dos conformes. Mas uma situação revoltante dessas segue ocorrendo em montes de lugares no mundo que não dão o direito de um casal do mesmo sexo se casar. É por essas e outras que casais gays americanos pensam em se mudar pro Canadá. Lá eles não são tratados como cidadãos de segunda categoria.