Talvez haja bastante gente que conheça esse projeto do fotógrafo Nicholas Nixon, de Detr
oit. Durante 36 anos, entre 1975 e 2010, ele documentou quatro irmãs, conhecidas como as irmãs Brown. Uma delas, Bebe (a mais velha, a terceira da esquerda pra direita) é a mulher dele. Elas foram fotografadas a cada ano, sempre na mesma ordem. E o efeito é fascinante. É um retrato de como o tempo passa, a gente muda, mas no fundo, na minha opinião, nem muda tanto assim.
Esta é a útima, de 2010.
Recentemente recebi um desses emails-corrente falando das fotos. A mensagem era estranha. Dizia: “Pode-se perceber claramente algo que tentamos esquecer: o tempo é impiedoso para todos. […] Está vendo como o tempo caminha rápido? E... tem pessoas que perdem tempo com: Ódio, raiva, inveja, futricas, etc”.
Ok, esta é a conclusão óbvia a que chegamos. O senso comum dita que as irmãs envelheceram. Nesta sociedade em que juventude (principalmente para mulheres) é sempre sinônimo de beleza, alguns machistas diriam até que as irmãs “embarangararam” (que termo escrotossauro, blargh).
Eu proponho treinar o olhar. Ver nuances. Encontrar beleza onde o padrão dita que ela não mais existe. Sério mesmo que essas mulheres só podem ser vistas como lindas nos primeiros vinte, trinta anos de suas vidas? Por quê? Quem disse? Você tem que fazer tudo que te mandam?
Eu não proponho esse exercício de reeducar nosso olhar por mim. É, eu tenho 44 anos. É, sou gorda. É, tenho muitos cabelos grisalhos se não tingi-los. Mas não é por mim. É por você. É, você também, com sorte, vai chegar e passar dos 40, 50, 60. As pessoas qu
e você ama e por quem você se sente sexualmente atraíd@ também, se zeus quiser, irão avançar em anos. Você vai parar de amá-las, vai parar de se amar, só porque o que você vê não tem mais relação com o que você vê na mídia? (e alguma vez já teve?).