Geral
“O FEMINISMO NÃO VALORIZA A SUBORDINAÇÃO DAS MULHERES”
Lisa Simpston: O sistema todo está errado! Uma leitora anônima deixou este comentário interessante no post sobre o manifesto das gordas. É de uma feminista (americana?) que eu não conheço, chamada Amy Winter. E, pelo que parece, foi a anônima que traduziu:
“Não importa o quanto nós gostaríamos de usar o feminismo para justificar nossas escolhas, o feminismo não pode ser interpretado como abrangendo qualquer coisa arriscada, auto-odiosa e violenta que uma mulher faz para si mesma, ou recebe dinheiro para fazer, ou paga alguém para fazer com ela. O feminismo não valoriza a subordinação das mulheres e a dor das mulheres. Não valoriza a dependência vitalícia das mulheres saudáveis do sistema médico de suplementos nutricionais ou hormônios — consequências inevitáveis da cirurgia de perda de peso ou transexualismo. O feminismo não valoriza um padrão de beleza para mulheres composto de magreza extrema, feições brancas regulares, cabelo liso, pele de aparência jovem, sem rugas ou manchas, e falta de pêlos visíveis no corpo. Feministas sabem que este padrão exclui propositadamente a maioria das mulheres e é projetado para manter-nos preocupadas com a nossa aparência e dependentes de cirurgiões e empresas de cosméticos para uma cara tranquilização. O feminismo valoriza mulheres como sujeitos de nossas próprias vidas, e não objetos para atrair e manter o olhar do outro. Ele valoriza a cooperação entre as mulheres, e não a competição e a comparação fomentada por apresentar-nos com uma imagem após a outra de mulheres que nunca vamos parecer — mulheres que, de fato, não existem, dado o uso extensivo e agora-famoso de airbrushes e retoques em fotografia de moda. As mulheres gordas têm sido muito danificadas pelo padrão de beleza sob o qual somos as mais feias das feias — mas a resposta feminista a isso não é vestir os nossos eus gordos em lingerie e posar para a revista Dimensions ou o boletim NoLose. O feminismo não valoriza ampliar as categorias de mulheres disponíveis para a exploração sexual masculina, ele valoriza o fim da exploração sexual de todas as mulheres.”Acho pertinentes algumas dessas colocações da Winter porque, de fato, muitas feministas (eu inclusa) têm a tendência a criticar imagens sexualizadas de mulheres magras, mas de celebrar as mesmas imagens sexualizadas quando se trata de mulheres gordas. E sim, esta é uma contradição, a meu ver. Mas também acho complicado que ela fale em "o feminismo", como se só houvesse um feminismo.Quanto ao início do que diz Winter, cai em algo que deveria ser meio óbvio, só que incrivelmente não é: que o feminismo oferece muitas escolhas, mas nem todas essas escolhas são feministas. Por exemplo, o feminismo, em vez de condenar a mulher que fica em casa cuidando dos filhos, diz que essa mulher pode escolher entre trabalhar e ficar em casa cuidando dos filhos. Só que ficar em casa cuidando dos filhos não é uma atitude feminista. Quer dizer, nem trabalhar fora é necessariamente feminista, né? Outro exemplo, porque é óbvio que estou me complicando: o feminismo diz que as mulheres não precisam usar maquiagem, e que sua aceitação não depende de ter sua cara pintada ou não. O feminismo entende que maquiagem como uma imposição é algo opressivo, certo? A mulher deve poder escolher se quer ou não se maquiar. Mas maquiar-se não é feminista. E não maquiar-se tampouco. Por isso que, na minha opinião, é totalmente inútil e contraproducente entrar em competições de “eu sou mais feminista que você”, ou “eu sou feminista, você não”. Eu nunca deixei de considerar feminista uma mulher que se diz feminista e usa maquiagem. Mas tem feminista que acha que sou menos feminista por eu ter orgulho de não usar maquiagem (e nem sei se tenho orgulho, só sei que não uso). Como se eu, ao não usar maquiagem, estivesse condenando a feminista que usasse maquiagem. Mas eu tô me lixando se alguém usa maquiagem. Só quero poder continuar criticando uma sociedade capitalista que obriga o uso da maquiagem. O problema, pra mim, é que tem muita feminista que individualiza tanto as escolhas quanto as críticas. E individualizar é algo meio burguês. Porque o feminismo é bem maior do que eu e você, darling.
-
VocÊ É Feminista?
Participando de um Simpósio temático sobre Gênero e Feminismo esta semana, durante o XXVIII Simpósio Nacional de História, em Florianópolis (SC) eu ouvi e me fiz diversas vezes esta pergunta: você é feminista? Nos últimos oito anos eu tenho...
-
"estou Traindo O Feminismo?"
Sempre recebo emails de leitoras (alguns leitores também, mas principalmente leitoras) perguntando se pode ser feminista e fazer X, ou se não fazer Y faz dela menos feminista. Alguns exemplos. Primeiro, este da D.: Adoro seu blog e por meio dele aprendi...
-
“nÃo Sou Feminista, Sou Humanista”
Grafite feminista "Menina Beavouir", de Ana Clara Marques, Maçãs Podres Se você já teve uma discussão sobre feminismo na internet, você já se deparou com alguém -– normalmente alguém que não é muito chegado a feministas ou que diz algo como...
-
Votem Na Final Do Concurso De Blogueiras
Não deixem de votar na grande final do Concurso de Blogueiras - A Origem do meu Feminismo, (enquete aí do lado). É só até a semana que vem! Por favor, divulguem nos seus blogs e twitters. Estamos com quase 300 votos nesta etapa, mas acho pouco. O...
-
Não Devemos Nada Ao Feminismo
"As feministas chamaram de libertação a saída forçada da lar para trabalhar; sua intolerância tornou constrangedor decidir ser dona de casa e cuidar dos filhos", critica Talyta Carvalho, 25, filósofa especialista em renascença e mestre em ciências...
Geral