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No ultimo fim de semana (16-17) fomos à Villard de Lans, uma pequena commune nas montanhas, perto de Lyon, para andar de raquete. Raquetes são essas pranchas da foto ao lado, utilizadas pra caminhadas na neve espessa, mas o nome vem mesmo das nossas raquetes de tênis que foram adaptadas pra andar na neve (e, felizmente, remodeladas).

A primeira vez que fiz raquetes (andei, fiz, pratiquei?) foi no inverno passado, numa caminhada de poucas horas, com dois colocs nossos e, pelo que lembro, foi bonito, mas não totalmente agradavel. Apesar do sol, o frio era infernal. Alias, glacial, e eu não via a hora de voltar pra minha cama quente. Mas nesse ultimo fim de semana, não havia sol e não havia raquete!, porque a neve ja tava muito compactada em boa parte do trajeto. E outra diferença é que, dessa vez, iriamos dormir em um abrigo que ficava no topo da montanha.

Apesar da faxina-nossa-de-cada-dia, eu não sou o que se possa chamar de uma pessoa em forma. Desde que cheguei na França, engordei mais de três quilos e me sinto pesada o suficiente pra levar, morro acima, uma grande mochila e eu. Eu parecia uma lesma se arrastando e soh estava moralmente confiante porque Diana parecia, pela reclamações, mais cansada do que eu. Quando finalmente chegamos no abrigo, uma hora e meia depois da partida, encontramos um casal que estava de passagem e que disse que havia lobos de noite por la e, que se a gente fosse fazer xixi, que tomasse cuidado. Eu fiquei desconfiada, porque ele disse que também havia o Pé Grande, então, eu não sabia muito bem no que acreditar.

O abrigo era um espaço de 4x5m, com uma pequena lareira e uma enorme beliche de madeira. Um verdadeiro palacio. Acendemos o fogo, mas ele não era forte o suficiente nem pra esquentar, nem pra iluminar. Calculamos que fora do abrigo devia fazer -5° e, dentro, 2°. A fumaça não demorou em tomar conta de todo ambiente. Acendemos algumas velas que encontramos por la pra conseguir enxergar alguma coisa sobre a mesa. Do momento em que chegamos (15h), até o momento em que fomos nos deitar (21h), soh fizemos comer. Comer e comer e comer, afinal, não havia muito a se fazer no escuro.

La pelas 3h da manhã, num sono embalado pela fumaça e pelo frio, despertei com uma louca vontade de fazer xixi. Posso garantir que não é facil segurar o xixi quando seus pés estão gelados e ha neve por todo lado. Mas eu fiz o que pude pra retardar meu encontro com o Pé Grande. Aguentei dois minutos.

- Lindooooô... Lindo, acorda...
- [Grunido]
- Tu quer fazer xixi?
- Não.
- :(
- Mas eu posso te acompanhar...
- :D

Isso é que é amigo! Saimos do abrigo, olhei pros lados e tirei a três calças numa velocidade incrivel. Mal minha bunda sentiu o frio, eu ja tinha terminado o xixi. Tudo o que eu não queria era encontrar um lobo com as calças arriadas (sem trocadilhos). Ao voltar pro meu saco de dormir, passei duas horas pra voltar a "dormir". O ronco de Diana foi a trilha sonora da noite.

Acordamos, comemos mais um pouco e dai veio a vontade de fazer cocô. Por que sera que meu corpo não entendeu que eu tava numa situação completamente desfavoravel à resolução de minhas atividades fisiologicas? Dessa vez, eu não quis a ajuda de Camilo. Procurei o lugar mais afastado do abrigo e, enfrentando a neve que chegava ao joelho, deixei um presente pros lobos. Antes, escutei uma historia de Diana que disse que, uma vez, um amigo foi pras montanhas e teve vontade de fazer cocô. Dai ele subiu um pouco a montanha, fez cocô, e qual foi sua surpresa quando viu, ao chegar embaixo, que seu cocô tinha descido a montanha, deslizando pela neve, junto com ele. O detalhe é que toda a turma que estava com ele viu isso. Cruzes. Pior que historia de lobo.

Bom, o resto do domingo se passou tranquilo. Descemos a montanha por outro caminho, tomamos um chocolate quente na cidade e depois voltamos pra casa. Apesar do frio, da cama dura, da fumaça, do Pé Grande, do cansaço, do lobo, do ronco, do xixi e do cocô, foi um fim de semana muito legal!

Camilo e seus 82kg afundando na neve


Essa foto é pra vocês terem idéia do quanto era potente nossa lareira. Se Sonia precisou colocar seus pés DENTRO da lareira, imaginem o poder desta em esquentar o resto do recinto...


Diana e eu no caminho de volta


Cachoeira congelada





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