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"Estado Islâmico" é um insulto à fé, dizem líderes muçulmanos
O primeiro-ministro britânico e a mídia deveriam parar de legitimar o grupo terrorista que assola a Síria e o Iraque ao descrevê-lo como "Estado Islâmico", afirma uma coalizão delíderes religiosos e organizações que representam os muçulmanos britânicos. O uso do título preferido pelos jihadistas, segundo eles, dá credibilidade aos militantes sunitas e insulta a fé islâmica.
Os signatários de uma carta enviada a David Cameron, entre eles o presidente da Sociedade Islâmica da Grã-Bretanha,Sughra Ahmed, admitem que os muçulmanos do Reino Unido precisam fazer mais para impedir que seus jovens sejam enganados a participar do "ódio e veneno" do grupo. "Devemos aproveitar qualquer oportunidade para continuar dizendo em alto e bom som que 'não é em nosso nome' e 'não é por nossa fé'", escreveram.
Os autores da carta também pedem que o primeiro-ministro britânico reformule sua linguagem. Cameron, assim como outros importantes políticos, referiu-se diversas vezes ao "Estado Islâmico", inclusive durante um debate na Câmara dos Comuns este mês.
Os signatários, como Mohammed Abbasi, da Associação de Muçulmanos Britânicos, e Amjad Malik QC, presidente da Associação de Advogados Muçulmanos, escreveram: "Não acreditamos que o grupo terrorista responsável deva receber a credencial e a estatura que deseja chamando a si mesmos de Estado Islâmico. Não é islâmico nem é um Estado."
"O grupo não tem estatura junto aos fiéis muçulmanos, nem entre a comunidade internacional de nações. Ele claramente nunca aceitará as obrigações que qualquer Estado legítimo tem, incluindo a responsabilidade de proteger os cidadãos e respeitar os direitos humanos. Por isso acreditamos que a mídia, a sociedade civil e os governos devem se recusar a legitimar essas fantasias ridículas de 'califado', aceitando ou propagando esse nome. Propomos que Estado Não Islâmico seria um nome preciso para descrever esse grupo e sua agenda -- e começaremos a chamá-lo assim."
A intervenção marca a intensificação de uma campanha de proeminentes muçulmanos britânicos para impedir que os jovens em busca de aventura se unam aos militantes. Ela se segue a uma recente decisão de líderes muçulmanos de emitir uma fatwacondenando os jihadistas britânicos.
Seis importantes estudiosos islâmicos endossaram a fatwa no mês passado, descrevendo os britânicos aliados às células do Estado Islâmico como "hereges" e proibindo os supostos jihadistas de unir-se ao grupo "opressivo e tirânico" no Iraque e na Síria. Teme-se que até 500 britânicos tenham viajado à Síria ou ao Iraque desde 2011 para unir-se ao grupo e seus afiliados.
Em uma carta vista pelo Observer, os signatários acrescentam: "Acreditamos que enviaria uma mensagem poderosa na Grã-Bretanha e ao redor do mundo se o senhor, como nosso primeiro-ministro, se somasse a nós para conduzir um debate nacional em busca de uma maneira alternativa adequada de referir-se a esse grupo e contestar ainda mais sua legitimidade e influência.
"Isso poderia ser especialmente poderoso porque todos no país e no exterior podem ver que o senhor está sendo solicitado a fazê-lo pelos próprios muçulmanos britânicos, que querem deixar claro por que esse grupo é rejeitado com veemência.
"Temos certeza de que a maioria dos muçulmanos britânicos concordaria que 'Estado Não Islâmico' é um rótulo consideravelmente mais adequado para esse grupo venenoso -- e esperamos que nossos concidadãos se unam a nós.
"Sabemos que esse seria um pequeno passo simbólico e que todos devemos trabalhar juntos para construir a inclusão e a integração na sociedade britânica que repeliria essas ideias venenosas."
Dilwar Hussain, do grupo beneficente Novos Horizontes no Islamismo Britânico, que trabalha pela reforma do pensamento muçulmano, e um dos 18 signatários da carta a Cameron, disse que também é importante para os muçulmanos britânicos serem vistos falando contra as opiniões extremistas de homens como Anjem Choudary, que foi entrevistado pelo Observer na semana passada.
Choudary, um ex-advogado ligado a muitos britânicos que combateram na Síria e que reconhece o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, como "o califa de todos os muçulmanos e o príncipe dos fiéis", afirmou que a política externa de Washington é a culpada pela decapitação do jornalista americano James Foley.
Hussain, que já foi membro da Comissão para a Igualdade Racial, disse: "O risco é que para um público insuspeito damos a impressão de que suas opiniões realmente têm algum peso entre a maioria dos muçulmanos britânicos. Choudary organizareuniões frequentadas por um punhado de pessoas. Suas opiniões foram redondamente condenadas por líderes muçulmanos, imames e cidadãos de todo o país."
"Ele diz que preferia viver lá, nesse chamado califado. Deveria fazê-lo. Mas o que queremos deixar muito claro é que os muçulmanos que gostam de viver aqui na Grã-Bretanha não reconhecem suas opiniões ou as do EI. Ele não é nós, e não é nossa religião."
fonte:http://www.cartacapital.com.br/internacional/estado-islamico-e-um-insulto-a-fe-dizem-lideres-muculmanos-4091.html
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