Por Rodrigo Vianna e Juliana Sada, no blog Escrevinhador:No domingo passado, a TV Cultura deu mais um passo rumo ao desmonte completo. No horário nobre da TV pública paulista, estreou o programa da “TV Folha”. Obteve retumbante 1 ponto de audiência!!! A “Folha”, que já pediu em editorial o fechamento da TV Brasil (entre outros motivos, pela “baixa audiência”), agora se contorce pra comemorar 1 pontinho.
Aprovada em outubro, a parceria da TV Cultura com meios privados só veio a público no fim de janeiro. A revista “Veja” também terá espaço na programação. Esse Escrevinhador foi dos primeiros a tratar do assunto, de forma crítica, como você pode ler aqui.
Os jornais “Estadão” e “Valor Econômico” foram convidados a participar da programação da emissora, mas a negociação ainda não teria sido concluída.
O Escrevinhador conversou com o deputado estadual Simão Pedro (PT/SP) que – por ser presidente da Comissão de Educação e Cultura da Asembléia Legislativa de São Paulo – tem direito a uma cadeira no Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.
O deputado defendeu o direito de meios de comunicação não comerciais e de movimentos sociais ganharem espaço na TV pública. Simão Pedro revela que, dentro de seis meses, a parceria com o jornal será revista; mas adiantou que a composição do Conselho é um obstáculo para a tomada de decisões que contrariem interesses do governo estadual.
Deputado, o senhor faz parte do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. O Conselho foi consultado sobre essas parcerias? Qual a opinião do senhor?Em uma reunião de outubro, a que eu não estava presente, eles apresentaram a proposta de parceria e ela foi aprovada. Talvez porque ali não se percebeu o que era.
Quando fiquei sabendo desse projeto, fui falar com o presidente [da Fundação, João Sayad]. Questionei por que não investir na TV. O argumento do João Sayad foi de que isso não ocorreria e que os jornais contribuiriam para dar qualidade à TV Cultura.
Na última reunião, em fevereiro, eu, Ivo Herzog e outro membro do Conselho questionamos a parceria. Conseguimos aprovar uma proposta de que essa parceria fosse reavaliada daqui a seis meses. Isso foi o máximo que conseguimos no Conselho.
A TV Cultura está liberando meia hora de um horário nobre. A direção alega que a TV Cultura vai ganhar em qualidade, trazendo o noticiário da “Folha”. Não está explícito, mas acredita-se que a “Folha” vai divulgar mais a TV Cultura.
Isso é uma privatização da TV Cultura, de um espaço público, terceirizando o jornalismo. Por que o privilégio para esses? Todas as outras empresas privadas de jornalismo teriam o direito de reivindicar. A TV Cultura investe cada vez menos em sua programação e a terceiriza cada vez mais. É um precedente perigoso para a TV pública.
A “Veja” já fez editorial afirmando que Estado deveria ser escrito com letra minúscula e a “Folha” fez editorial pregando o fechamento da TV Brasil. Não é estranho que agora façam parceria com a TV pública paulista?Eu acho que é uma contradição entre as atitudes desses veículos e essa nova postura de aceitar e ocupar uma TV pública. Se é uma empresa privada, porque não compra espaço na Rede TV, Band ou em qualquer outra emissora privada? Qual o objetivo disso? É no mínimo contraditório.
E se algum outro meio fosse pedir espaço na TV Cultura?Eu sou contra esse procedimento, não é bom para o caráter público. Todas as outras empresas em tese têm o direito de reivindicar o mesmo tratamento. Por que o privilégio a uma empresa específica? Porque só “Folha”, “Estadão”, “Veja” e “Valor”? E não “Istoé”, “CartaCapital”, “Época”? Qual é o critério na destinação desse espaço importante? Vou convidar o João Sayad para dar explicações na Comissão de Educação e Cultura, da Assembleia.
E se meios de comunicação não comerciais ou movimentos pedissem espaço dentro da emissora, seriam aceitos? Você considera legítimo?Eu acho que é legítimo. Se é um movimento que não tem fins privados, que tem no seu âmago, entre seus objetivos, a luta do bem comum e colocar o público acima do privado, por que não?
A TV Cultura devia abrir espaço para esses movimentos se apresentarem no conteúdo jornalístico, a Cultura deveria abrir espaço, o que em minha opinião não ocorre. Se fossem apresentados tais pedidos e submetidos à análise, pela composição do atual Conselho, dificilmente esses movimentos teriam espaço. Nós temos que cobrar que a programação jornalística e cultural dê espaço para toda manifestação popular, também para movimentos que são espaços legítimos de reivindicação.
Quanto custa essa parceria? Há um estudo? Quem paga?A TV Cultura não tem custo. Tudo é feito e custeado pela “Folha”, a produção, os equipamentos e a equipe é toda dela. Na verdade, a TV Cultura cede um espaço. O custo é político, de abrir mão de um horário importante para um ente privado.
As empresas parceiras podem vender comercial no horário dos programas, ou é a Cultura que cuida disso?Não temos informação, mas espero que não. Isso seria muito grave.
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