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"The Zenawi paradox"
É o título de um artigo, cujo link aqui deixo:
http://m.theatlantic.com/international/archive/2012/07/the-zenawi-paradox-an-ethiopian-leaders-good-and-terrible-legacy/260099/
publicado no jornal "The Atlantic" e assinado por Armin Rosen, sobre o moribundo ditator etíope Meles Zenawi.
Um ditador a quem estou ligada por um ódio de estimação: da parte dele muito pessoal para comigo, desde que, como chefe da missão de observação eleitoral da UE em 2005, denunciei os resultados que ele roubou e os massacres e prisoes que então ordenou. Retribuido, desde então, de minha parte, com asco e mais denúncias relativamente às suas políticas malignas e opressivas.
Por isso, no dia em que soube que o seu fim estava próximo, não me contive e escrevi aqui "Grande dia!". Na véspera tinha recebido no meu gabinete em Bruxelas um intelectual etíope acabado de sair de 18 anos numa das prisões de Meles, sem jamais ser condenado por qualquer crime. Despedira-me dele dizendo-lhe ter confiança de que um dia celebrariamos a libertação etíope na Praça Meskel !
Juntamente com 80 milhões de etíopes, estou suspensa da confirmação do desaparecimento de Meles Zenawi para fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que se concretize um futuro livre e democrático na Etiópia.
E juntamente com muitos etíopes que comentam o artigo de Rosen na blogo-esfera, faço notar que não há realmente um "paradoxo Zenawi": Meles foi um brutal ditador que se comportou impiedosamente contra os seus opositores e o seu povo, usando a inteligência para extorquir dinheiro a governos ocidentais sob falsos pretextos de trabalhar pela democracia e pelo desenvolvimento, de ser aliado contra o terrorismo e de ser garante da estabilidade no seu país.
Ele não enganou realmente os líderes e diplomatas ocidentais, ele não enganava ninguém durante muito tempo: bastava comparar o que dizia com o que fazia.
Os lideres europeus e americanos na realidade quiseram deixar-se enganar, mai-los papalvos e os chicos-espertos que vivem da indústria do "desenvolvimento", os Jeffrey Sachs facilmente deslumbráveis com os Meles de qualquer latitude.
O paradoxo, se o há, fica de facto com os governantes ocidentais apoiantes do opressor etíope.
E Meles Zenawi prega-lhes a partida final, a eles que tanto investiram na sua estabilidade podre e fecharam olhos à sua sanha repressiva: nenhum deles sabe hoje o que vai acontecer na Etiópia, não cuidaram de favorecer uma transição organizada, nem dialogaram e muito menos ajudaram a oposição e o povo.
Na UE, nem com a Primavera Arabe aprenderam nada, estes líderes da treta: continuaram a pôr todos os ovos no cesto do ditador etíope.
Como Meles Zenawi, hão-de ter um
lindo funeral!
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