11 de julho e a mídia seletiva
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11 de julho e a mídia seletiva


Por Altamiro Borges

Os portais de notícias dos conglomerados midiáticos mudaram totalmente o tom na cobertura do Dia Nacional de Lutas com Mobilizações e Greves, convocado pelas centrais sindicais. Até o meio dia desta quinta-feira (11), eles voltaram à velha ladainha da criminalização das lutas sociais. O Globo (G1), Folha (UOL) e Estadão destacaram apenas os “bloqueios de estradas”, o “congestionamento do transito”, o “fechamento de lojas” e o “tumulto” em centenas de cidades do país. Bem diferente da cobertura dos protestos de junho, que foram exibidos como “protestos cívicos” e “apartidários”.

A mídia patronal nunca tolerou as mobilizações sindicais – até porque ela explora brutalmente os trabalhadores nas suas redações. Como ensinou Cláudio Abramo, a única liberdade de imprensa existente nas redações é a do dono da empresa jornalística. Neste sentido, não dava para esperar outra reação dos jornalões e emissoras de rádio e tevê neste 11 de julho. A mídia hegemônica tenta jogar na divisão das centrais e abafar a pauta dos trabalhadores – que inclui redução da jornada de trabalho, fim do fator previdenciário, retirada do projeto de lei que amplia a terceirização, entre outras bandeiras.

Nos protestos de junho, que mobilizaram milhares de jovens pela redução das tarifas do transporte, a mídia patronal teve uma dupla moral. Num primeiro momento, ela exigiu dura repressão contra os manifestantes. Editoriais raivosos da Folha e Estadão e comentários hidrófobos do “calunista” global Arnaldo Jabor serviram de ordem para o governador tucano Geraldo Alckmin, que acionou a tropa de choque da PM e abusou da violência em São Paulo. Na sequência, como os protestos se ampliaram, inclusive como forma de solidariedade, ela mudou de postura e tentou pegar carona nas manifestações, impondo a sua pauta conservadora.

A frase patética de Arnaldo Jabor na CBN, “eu errei”, expressou esta mudança oportunista de comportamento. A TV Globo chegou a derrubar a sua grade de programação, retirando do ar até a novela, para divulgar os protestos. Fausto Silva usou o seu “Domingão” para convocar manifestações; Ana Maria Braga exibiu “modelitos” para os que pretendiam ir às ruas. Jovens bonitos, bem vestidos e pintados com as cores do Brasil foram exibidos em doses cavalares na telinha da Globo, numa manipulação escancarada com o objetivo de enquadrar politicamente os protestos.

Agora, quando os trabalhadores entram em cena, com as suas reivindicações e bandeiras, a mídia hegemônica volta ao velho expediente e tenta desqualificar as paralisações e as passeatas. Ela sabe que não pode manipular facilmente os protestos organizados unitariamente pelas centrais sindicais. Os barões da mídia tem espírito de classe e não vacilam na defesa dos seus interesses. Pena que o governo Dilma ainda não tenha percebido que a mídia se transformou no mais importante partido da direita do Brasil...





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