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Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Um dia após o início das inserções semestrais do Partido dos Trabalhadores na TV (em 23/4) eclodiu a notícia de que a Polícia Federal detectou menção do deputado André Vargas ao pré-candidato ao governo paulista Alexandre Padilha – Vargas disse ao doleiro Youssef que Padilha indicou executivo para o Labogen, laboratório do doleiro usado em lavagem de dinheiro.
Em entrevista coletiva concedida por Padilha em um hotel da zona Sul de São Paulo na última sexta-feira a fim de rebater a denúncia, o pré-candidato informou que, na noite de 24 de abril, logo após o surgimento da denúncia contra si, foi procurado por um reduzido grupo de jornais com a mesma pergunta, como se tivesse sido combinada entre esses veículos.
No dia seguinte, esse mesmo grupo de jornais estamparia, cada um, a mesma manchete, com escassa diferença de texto. A semelhança das manchetes de O Globo e O Estado de São Paulo chega a ser estarrecedora.
No Globo, “Padilha indicou executivo para doleiro, apura PF”;
No Estadão, “Padilha indicou executivo para doleiro, aponta PF”;
Na Folha, uma variação de forma: “PF liga ex-ministro Padilha a doleiro preso”.
A investigação da PF, segundo informações preliminares, não acusa o ex-ministro de nada, apenas relata a menção de Vargas a Padilha. Contudo, o noticiário se encarregou de pôr palavras na boca da instituição.
No domingo passado, a Folha de São Paulo já avisava que, nas inserções semestrais do PT de São Paulo na TV, o pré-candidato do partido a governador apareceria criticando o governo Geraldo Alckmin pelo racionamento de água que já ocorre em diversos pontos do Estado ou pela penalização financeira para quem consumir “muita” água nas cidades em que o racionamento ainda não começou, como já ocorre na capital paulista.
A denúncia contra Padilha se mostrou providencial para o governo Alckmin, com manchetes gêmeas nos grandes jornais e longas matérias nos telejornais. A propaganda petista criticando o racionamento de água em SP perdeu força devido à denúncia contra seu protagonista.
Alguns dirão que o tucano é apenas muito sortudo. Afinal, justo quando Padilha aparece na TV explicando que o sofrimento da população se deve à imprevidência do governo do Estado explode uma acusação grave contra o petista que desvia a atenção do público paulista de um problema real que está infernizando a sua vida.
Porém, quando se analisa as “razões” da grande imprensa para fazer tal alarde sobre um fato absolutamente inconclusivo que precisa de apuração para ser transformado em acusação, tudo fica muito claro.
Para quem não sabe, o governo do Estado de São Paulo gastou em 2013 com publicidade R$ 238 milhões, segundo o portal Transparência. Esse valor é duas vezes o total pago em investimentos na Secretaria de Educação do Estado (R$ 110 milhões). É mais do que os investimentos pagos, somados, nas secretarias de educação e segurança (R$ 108 milhões).
Alguém sabe quem são os beneficiários dessa dinheirama? Ganha um picolé de chuchu quem responder que são, justamente, as Organizações Globo, o Grupo Folha, o Grupo Estado e a Editora Abril. Isso sem falar nos gastos de milhões do governo paulista com a compra de exemplares de Folha de São Paulo, Estadão, Veja e demais livros didáticos da Editora Abril.
Coincidências até existem. Algumas, porém, custam muito caro. Essa “coincidência” em questão parece ter sido exorbitante para uma população castigada com trens lotados, polícia ineficiente e violenta, racionamento de água etc. Resta saber se o paulistano prestará mais atenção ao seu sofrimento ou a denúncias irresponsáveis de uma mídia subornada.
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