Geral
A África é aqui
Rodrigo Constantino
Deu no GLOBO: Governo tratora oposição e aprova perdão de dívida de U$ 278,6 milhões do Congo
Governo e oposição travaram um duro embate no plenário na votação do projeto de resolução, do Executivo, que permitiu o perdão e reescalonamento da dívida de US$ 352,6 milhões do Congo, um dos quatro países que o Brasil está tirando da inadimplência, para que o BNDES possa financiar empreendimentos de empresas brasileiras nesses países. O PSDB , DEM e senadores do PDT e PMDB acusaram o governo congolês de ser uma ditadura corrupta, que tem crescimento superior a alguns estados pobres do Brasil. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediu verificação de quórum, mas a anistia foi aprovada por 39 votos dos governistas, contra 21 da oposição e duas abstenções.
O perdão será de US$ 278,6 e o resto, será reescalonado a perder de vista.
- A presidente Dilma quer beneficiar ditadores, governos corruptos que tem a mesma prática do governo daqui, de proteger mensaleiros. Estão acostumados a esconder coisas para fazer a gente de bobo e idiota - protestou Jarbas Vasconcelos.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o perdão passou por descuido na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) . Ele pediu também explicações sobre empréstimos secretos do BNDES para Cuba e Angola.
- O governo do PT está fazendo generosidades com o chapéu do povo brasileiro a ditaduras sangrentas e corruptas, que esmagam sua população, com denúncias de lavagem de dinheiro no nosso país. Com isso abre perspectiva para o BNDES continuar oferecendo empréstimos a essas nações, o que mais grave - protestou Álvaro Dias.
- Essas operações se transformaram em relações comerciais que não vem acompanhadas das devidas explicações. Estamos também buscando informações sobre operações do BNDES que estão sob o carimbo do sigilo para Cuba e Angola - completou o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).
No comando da tropa de choque governista, estavam os líderes Wellington Dias (PT-PI), Eduardo Braga (PMDB-AM), José Pimentel (PT-CE) e Vanessa Graziottin (PCdoB-AM).
- Pode ser que naquela época era um regime de ditadores, mas as relações comerciais do Brasil são interessantes. Temos que parar com essa coisa tupiniquim. Temos produtos em condições de exportar. Temos que ter um olhar especial para esses países - defendeu Wellington Dias.
O líder do Democratas, José Agripino (RN), lembrou que há milhares de pequenos produtores rurais no Nordeste tendo suas terras tomadas pelo governo, porque não consegue reescalonar suas dívidas com bancos oficiais. E esse mesmo critério de anistia não é aplicado a eles.
- Está se perdoando dívidas de países que crescem muito mais do que o Nordeste. Eu gostaria imensamente que as dívidas dos pequenos produtores rurais do semiárido tivessem o mesmo tratamento quando os oficiais de Justiça batem a sua porta para tomar suas terras - disse Agripino.
Eduardo Braga apelou para a pobreza dos países africanos:
- Não é possível que vamos penalizar um povo tão humilde e necessitado como o povo africano!
- Se é questão de ajudar os necessitados, que tal ajudar o povo do Nordeste que passa por uma das piores secas da sua história? A gente deveria primeiro defender os nossos pobres - rebateu Jarbas.
- Está todo mundo endividado aqui no Brasil e o cara do Congo, da conga sei lá, comprando apartamento milionário no Rio de Janeiro vai ter sua dívida perdoada? Não temos que perdoar nada! - protestou o senador Ivo Cassol (PP-RO).
Sem sucesso, com maioria esmagadora no plenário, o governo aprovou o perdão da dívida do Congo. O primeiro de uma fila, dos prometidos por Dilma em sua passagem pela África.
Comento: A postura do governo é, claramente, um acinte, um ataque ao pobre povo brasileiro, que trabalha duro, por cinco meses do ano, somente para pagar impostos. Isso significa transferir recursos dos brasileiros humildes para empresários ou ditadores ricos. O governo brasileiro quer comprar o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, assim como ajudar alguns poucos e grandes empresários brasileiros que fazem negócios com países africanos.
Mascarar esses reais interesses pérfidos sob o manto do altruísmo e da solidariedade é uma afronta. Pobreza nós temos aqui de sobra; não precisamos ir para a África para vê-la. Perdoar a dívida desses países é abrir mão do dinheiro que pertence ao povo brasileiro, não ao PT. Isso sem falar que nem mesmo tal ato, tão defendido por gente como o cantor do U2 Bono, nem mesmo ajuda os africanos.
Ao contrário: isso apenas reforça a idéia de que esses governos africanos não são bons devedores, e que, portanto, não merecem novos créditos. Ninguém ganha com isso, à exceção do PT, de meia dúzia de grandes empresários, e dos ditadores corruptos da África. A África é aqui. E o PT faz de tudo para perpetuar essa condição...
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