A batalha acirrada no Rio de Janeiro
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A batalha acirrada no Rio de Janeiro


Por Bepe Damasco, em seu blog:

Poucas vezes na história das eleições para o governo do estado do Rio de Janeiro se viu uma disputa tão dura. Antes do começo da propaganda eleitoral no rádio e na TV, quatro candidatos se mostram competitivos e em condições de passar para o segundo turno. Por saber que uma grande votação no estado é decisiva para sua reeleição, a presidenta Dilma terá de pisar em ovos para não melindrar nenhum dos quatro postulantes ao Palácio Guanabara que, em tese, a apoiam. Digo em tese porque uma banda importante do PMDB de Pezão está com Aécio e porque não se percebe no candidato do PR, o ex-governador Garotinho, a intenção de oferecer à presidenta um apoio decidido e vigoroso. Não custa lembrar que nos últimos quatro anos o deputado Garotinho tem sido um crítico ácido do governo Dilma. Uma coisa é certa : não será fácil para a presidenta administrar os quatro palanques. Já na largada, ela sofreu críticas do PT por ter iniciado sua campanha no estado com Pezão.

O apoio de Garotinho à Dilma deve-se muito mais a uma boa dose de pragmatismo político-eleitoral, uma vez que, em geral, o eleitor do ex-governador se beneficia dos programas sociais do governo federal. A última pesquisa do Datafolha, que mostra um empate técnico na ponta entre Garotinho e o senador Marcelo Crivella, candidato do PRB, na faixa dos 20%, e também entre o terceiro colocado, o governador Pezão, com 16%, e o senador Lindberg Farias, do PT, que atingiu 12%, só reforçou o quadro de indefinição.

Em que pese se configurar um pleito de difícil prognóstico, penso que o mais provável seja a ida para o segundo turno do candidato Pezão, da poderosa máquina peemedebista, e o carismático senador petista. Contudo, estamos diante de uma disputa cujo resultado depende da condução da campanha de cada um, dos seus erros e acertos, das táticas e estratégias utilizadas. Ou seja, ninguém tem cacife político e eleitoral suficiente para entrar em campo de sapato alto, achando que tem vaga cativa no segundo turno.

Mas o forte volume de campanha, uma das características do PMDB no estado, turbinado pelo expressivo apoio de prefeitos, deputados e partidos aliados, sem falar no tempo privilegiado na TV, fazem de Pezão um dos favoritos para o segundo turno, mesmo sendo herdeiro direto da rejeição ao ex-governador Sérgio Cabral.

Já o senador Lindberg, a exemplo de outras eleições que disputou e venceu, costuma crescer de forma exponencial com o horário eleitoral na TV, pois esbanja talento na utilização dessa mídia. Além disso, será o único dos candidatos a contar com o apoio de Lula, fechou uma aliança à esquerda interessante e conta com o segundo maior tempo de TV entre os candidatos, cerca de cinco minutos. Trouxe também para a sua chapa o polêmico deputado Romário, que embora traga problemas para a aliança, com seu discurso pobre de política e visceralmente antipetista, possui inegável densidade eleitoral.

Os dois favoritos terão, no entanto, que gastar muita sola de sapato e saliva para derrotar Garotinho e Crivela. É fato que ambos são bons de largada, mas seus perfis os tornam apostas mais difíceis para a chegada. Garotinho pelo alto índice de rejeição que ostenta. Crivella porque sua presença em eleições majoritárias sempre traz para a agenda de debates a questão religiosa versus estado laico, afugentando eleitores. Seria um erro crasso, contudo, considerá-los carta fora do baralho.

O senador Crivella não é visto apenas como um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Sua imagem é de um político sério, movido por ideias e convicções. Ou seja, não terá o voto apenas dos seguidores da maior denominação evangélica, mas também de uma parcela do eleitorado que vê no senador um homem de bem, que preza os valores da família.

Já Garotinho, além de também amealhar votos entre evangélicos, tem prestígio no interior do estado e intenção de votos consolidada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Baixada Fluminense e São Gonçalo Se a eleição fosse para a prefeitura do Rio, por exemplo, as chances de Garotinho seriam desprezíveis, uma vez que a classe média carioca, para quem Garotinho soa quase como uma palavrão, tem a tradição de formar opinião e influenciar fortemente o resultado das eleições para o Executivo municipal. Mas, para o governo do estado, a história é outra. Cabe registrar que Garotinho conseguiu eleger Rosinha, em 2002, no primeiro turno, superando a alta rejeição da classe média do Rio de Janeiro ao casal.




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