Por Altamiro Borges
E ainda tem gente no Palácio do Planalto que acredita no diálogo civilizado com a famiglia Marinho. Nesta semana, a revista "Época" confirmou que chegou ao ponto de não-retorno na sua investida para derrubar ou "sangrar" Dilma Rousseff e para "matar" o ex-presidente Lula. Numa capa terrorista, que mostra a cabeça do líder petista se esfarelando, a publicação decreta: "A ruína da era Lula". E ainda acrescenta na chamada espalhafatosa: "Acossado pelas investigações da Lava Jato e cada vez mais impopular, o ex-presidente parte para o ataque – e expõe o ocaso do modo petista de fazer política".
Na "reporcagem" assinada pelo famoso jagunço Diego Escosteguy – em conjunto com Flávia Tavares e Leandro Loyola –, a revista atiça a cizânia ao afirmar que Lula, "novo líder da oposição ao governo petista de Dilma Rousseff, comparou a presidente a uma adolescente mimada". Mas o objetivo maior não é o de tratar das supostas intrigas nas hostes petistas. A "Época" mira principalmente na figura do ex-presidente, tentando desconstruir sua imagem e afastar o perigo da sua volta nas eleições de 2018.
"Será Dilma a verdadeira responsável pela crise que acomete o Brasil em 2015? Ninguém discorda de que a presidente tem responsabilidade – e muita – pela crise econômica. Mas os fatos políticos dos últimos meses, e em especial das últimas semanas, demonstram que a crise prolongada – política, social, criminal e econômica – é sintoma da ruína de uma era, uma era definida não por Dilma, mas por quem a concebeu politicamente: Lula, o pai. Trata-se de uma era em que o PT exerceu o poder por meio do fisiologismo do mensalão e do petrolão, abandonando, a partir do governo Dilma, a razoabilidade econômica e a conciliação política".
Neste esforço para "matar" Lula, a revista "Época" utiliza toda sua artilharia. Na edição desta semana, ela voltou a abordar as suas viagens internacionais. Os três filhos de Roberto Marinho – que não têm nome próprio, segundo o afiado blogueiro Paulo Henrique Amorim – mantêm íntimas relações com o ex-presidente FHC, que resultaram em boas conversas e alguns negócios. Até hoje, os seus veículos – revista, jornal, rádio, tevê – nunca questionaram as viagens e as palestras do "príncipe da Sorbonne". Já o "peão" Lula é alvo de uma caçada implacável. Diante da nova investida, o Instituto Lula enviou uma resposta à redação – "a última vez que perderemos tempo com a Época". Vale conferir:
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Resposta à revista Época sobre as viagens do ex-presidente Lula
26/06/2015
Recebemos hoje (26), às 9h55, um e-mail da reportagem da revista Época com questionamentos a respeito das viagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Faz quase dois meses que a Época tem essa prática de mandar e-mails perto do fechamento em vez de fazer entrevistas cara a cara sobre as atividades do Instituto. É a última vez que perderemos tempo com a Época, que agora receberá o mesmo tratamento reservado à Veja pela assessoria de imprensa, após reiteiradas práticas de parcialidade e falta de isenção jornalística. Mediante os questionamentos da publicação, fazemos os seguinte esclarecimentos a respeito das viagens realizadas pelo ex-presidente:
Sim, o Instituto Lula tem como política divulgar as viagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao exterior.
Desde abril de 2011, quando se constituiu a assessoria de imprensa do então Instituto Cidadania, hoje Instituto Lula, todas as viagens do ex-presidente foram divulgadas à imprensa por e-mail, e desde o segundo semestre de 2011, quando o Instituto Lula criou seu site, também por esse canal. E desde 2012 também por Facebook. E também por Twitter. Embora o ex-presidente não ocupe cargo público e, por isso, não tenha nenhuma obrigação de divulgar viagens para o exterior, elas foram divulgadas.
As viagens anteriores a abril de 2011 também foram registradas no site do Instituto Lula. Bastaria aos jornalistas da revista pesquisarem no site para encontrar a relação de viagens.
As viagens do ex-presidente Lula ao exterior não foram a turismo ou passeio. Foram para dar palestras, falando bem do Brasil no exterior para investidores e autoridades estrangeiras, estimulando a participação de jovens na política e divulgando políticas sociais de combate à fome em eventos na África, América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia.
Os principais destinos do ex-presidente ao exterior não foram, como já publicou erroneamente Época, Cuba, República Dominicana e Gana. Como o Instituto já respondeu para a revista, no texto “As sete mentiras da capa de Época sobre Lula” (http://www.institutolula.org/as-sete-mentiras-da-capa-de-epoca-sobre-lula/), os principais destinos foram os Estados Unidos, com 6 viagens, e depois México e Espanha, cada um com 5 viagens.
Como já também foi respondido para a Época, quase dois meses atrás. "No caso de atividades profissionais, palestras promovidas por empresas nacionais ou estrangeiras, o ex-presidente é remunerado, como outros ex-presidentes que fazem palestras. O ex-presidente já fez palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores - tecnologia, financeiro, autopeças, consumo, comunicações - e de diversos países como Estados Unidos, México, Suécia, Coreia do Sul, Argentina, Espanha e Itália, entre outros. Como é de praxe, as entidades promotoras se responsabilizam pelos custos de deslocamento e hospedagem.”
Ao contrário do que já publicou Época, e já foi rebatido pelo Instituto Lula, a maioria das viagens do ex-presidente ao exterior não foram pagas pela Odebrecht, que contratou palestras para empresários e convidados em países onde a empresa já atua. Uma pergunta da revista contém um equívoco porque a LILS não recebe doações. A LILS é uma empresa de palestras. Ela recebe pagamentos por serviços prestados. O Instituto Lula é uma entidade sem fins lucrativos que recebe doações para a manutenção das suas atividades. O ex-presidente não recebe pagamentos do Instituto Lula. Dezenas de empresas, de diferentes setores, doaram para o Instituto Lula. Os institutos de ex-presidentes, não só o do ex-presidente Lula, vivem de doações privadas. Sobre esse assunto de doações e contratações, como já foi respondido para a Época semana passada:
“O Instituto é uma entidade sem fins lucrativos, e as doações de indivíduos, fundações e empresas privadas de vários setores, entre elas a Odebrecht, assim como as parcerias com organismos multilaterais são para a manutenção do Instituto e realização das suas atividades.
A Odebrecht já falou sobre o seu apoio às atividades do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e também de outros ex-presidentes, entre outras notas e declarações para a imprensa, no artigo 'Viaje Mais, presidente', de Marcelo Odebrecht, em 7 de abril de 2013, na Folha de S. Paulo. Ou seja, mais de dois anos atrás.
Todas as doações ao instituto estão contabilizadas e foram pagos todos os impostos correspondentes. Nem o apoio feito ao Instituto pela Odebrecht, nem as palestras profissionais do ex-presidente contratadas pela empresa são objetos de sigilo. O Instituto Lula nunca negou ter recebido doações da Odebrecht e a empresa nunca negou ter concedido este apoio. Aliás, como o próprio artigo de Marcelo Odebrecht mencionado acima deixa explícito.”
Temos em nosso site uma lista respondendo a dúvidas frequentes sobre o Instituto. http://www.institutolula.org/duvidas-frequentes-a-respeito-do-instituto-lula.
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