A CHINA, SEMPRE A CHINA
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A CHINA, SEMPRE A CHINA


Lolinha no Templo do Céu, em Pequim

Tour pela Uuniversidade de Peking com
Pay, Felipe, Luiz, Pablo, Luã, Lucas,
Sarah e Emma (eu meio no meio)
Voltei ontem da China após uma jornada de 40 horas entre aviões e aeroportos, mas ainda quero escrever muito sobre esse país impressionante, se me permitem. Foi realmente uma viagem inesquecível, única. Amei. E acho que sempre que conhecemos um novo país, uma outra cultura, podemos refletir mais sobre a própria realidade em que vivemos.
Chato é ter que ler algum comentarista anônimo dizendo que "estou fazendo propaganda da China". Como se a China, o país mais populoso do mundo (1.4 bilhões de habitantes: 19% da população mundial é chinesa), o terceiro maior país geograficamente, a segunda economia do planeta, que já já vai passar os EUA, precisasse de propaganda (ainda mais vinda de uma blogueira). Como se eu não tivesse o direito de falar de um país que acabei de conhecer e que me conquistou totalmente. 
Luiz, eu e Emma (seu nome ocidental)
em frente ao lago da PKU
Eu não sabia praticamente nada sobre a China, e continuo sabendo bem pouquinho. Mas passei 21 dias de atividades culturais e acadêmicas intensas (patrocinadas pelo Banco Santander no seu excelente programa Top China), conversei com vários chineses (em inglês, óbvio), assisti a ótimas aulas dadas por professorxs de uma das melhores universidades chinesas, a Peking University, e, bem, é todo um mundo novo que se abriu pra mim, e que quero compartilhar com vocês. 
Eu e Vitor no centro
aquático do zoo de Pequim
Sem preconceitos. Leiam com a mente aberta. Sugiro aos reaças esquecerem que a China é um país comunista, porque não é, ou melhor, é, mas apenas politicamente. Economicamente, é capitalista selvagem. Na realidade, me pareceu que os chineses não estão nem aí se o país deles é comunista, capitalista, whatever. Eles (assim como todos nós) só querem ter uma vida melhor. E "melhor", pra muitos deles, significa mais consumo. E lógico que tudo isso interessa muito ao Brasil, pra quem a China já é o maior parceiro comercial.
Todas as chinesas com que conversei foram unânimes em dizer que a situação da mulher na China mudou muito, e que é um erro vê-las como submissas. Elas acham que machismo e discriminação existem, mas muito mais nas províncias afastadas que em metrópoles como Pequim e Shanghai. Todas elas, porém, falam do "glass ceiling", o teto de vidro, um termo feminista designado para mostrar que, apesar de parecer que temos oportunidades sem limites no emprego, há barreiras que nos impedem de "chegar lá". As jovens chinesas com que falei sentem que não têm oportunidades iguais no trabalho.
De resto, elas parecem ter algumas vantagens sobre nós. Tipo: é proibido erotizar mulheres na mídia. Na China não se veem outdoors de jovens nuas ou seminuas posando para vender produtos. E lógico que existe pornografia, mas ela é toda clandestina. 
Eu posando com uma noiva
tradicional no Templo do Céu
Outra coisa: um cara dizer uma grosseria na rua pra uma mulher é raríssimo. Um aluno me contou que, quarenta anos atrás, isso era até crime. Mas a criminalização passou e ficou o costume de que não se deve falar com uma estranha, ainda mais sobre algo sexual. Se isso acontecer, segundo o aluno, é perfeitamente aceitável que a mulher dê um tapa no cara. E nunca que ele vai revidar, porque ele é quem errou em primeiro lugar. 
Pichação típica em SP
Ah, me chamou demais a atenção não ter visto uma só pichação em 21 dias de China. Nenhum prédio ou muro pichado. Alguns muros com arte eu vi, mas nada daqueles rabiscos que tanto enfeiam nossas cidades. Me perdoem os que pensam que pichadores são grandes rebeldes se apropriando de um espaço público que não lhes pertence. Pra mim, são só gente tentando marcar território com sujeira. 
Bom, semana passada fomos à Cidade Proibida, em Pequim, e fiquei maravilhada. É enorme, tem que andar muito, e embaixo do sol, e o lugar é lotado, cheio de turistas (a China é o quarto país mais visitado do mundo; a França é o primeiro; o Brasil, apesar de todos os nossos encantos naturais, é somente o número 40) e excursões de escolas chinesas. Mas amei o passeio. Vale a pena ir com uma boa guia, que vai te explicar tudinho.
Só que decidi fazer uma pergunta na terceira vez que a guia mencionou yin/yang, exemplificou com masculino e feminino, e elogiou a harmonia e o equilíbrio. Disse pra ela que, em alguns lugares, existe uma crítica a essa oposição binária, que de repente feminino e masculino não são opostos, e se essa manutenção da “harmonia” não poderia ser vista como a manutenção do poder, do status quo. Ela respondeu que isso é muito tradicional, e um outro chinês que estava próximo emendou que eles veem homens e mulheres como diferentes, mas sem que um seja superior ao outro. 
Eu na Cidade Proibida. Foto da doce
Fernanda
Como conheço bem essa lenga-lenga aqui no Ocidente (religiosos sempre falam isso!), respondi que, se só um dos sexos pode ser imperador, se só um pode ser presidente, se só um pode ser primeiro-ministro, e se ao outro sexo cabe o título de “mulher oficial do imperador”, então sim, eu acho que eles veem um sexo como superior ao outro. Eles não rebateram. 
A Cidade Proibida foi invenção de um imperador, que transferiu a capital para Pequim, 600 anos atrás. Lá ele vivia com sua esposa oficial, filhos, concubinas, e uma legião de serventes. Há várias casas dentro da cidade, e dá pra perceber quais são as mais luxuosas e importantes devido ao número de pequenas estatuetas no teto. As que têm teto duplo e nove estátuas de animais são as mais dignas do imperador.
O sistema feudal de imperadores na China acabou em 1912, e a primeira vez que a Cidade Proibida foi aberta a visitantes foi em 1925. Esse é um dos períodos que a gente menos conhece sobre a China, imagino -– essa transição entre o fim do feudalismo e o início do comunismo, em 1949. Durante esse breve tempo, a China foi uma democracia, mas o Partido Republicano perdeu força, não avançou nas questões sociais, e o Partido Comunista foi crescendo. Tudo isso ligado ao perigo japonês, que invadiu a China durante a Segunda Guerra. 
Imagem icônica, versão Lego
Conversei com alguns alunos chineses, que me contaram que a história oficial, como ela é narrada na escola, é que a Revolução Cultural foi um equívoco. Mas o “Comandante Mao” segue sendo um herói. A Praça Tiananmen (a maior do mundo, segundo a guia, e terceira maior, segundo a Wikipedia), também conhecida como a Praça da Paz Celestial (o que automaticamente nos remete ao massacre da Paz Celestial, que ano passado marcou 25 anos, e que não é citado nas escolas chinesas), 
onde está o mausoléu de Mao, tem uma cerimônia diária de erguer a bandeira que continua sendo acompanhada por milhares de chineses. Então como eles fazem pra considerar a Revolução Cultural um fracasso e ainda assim reverenciar Mao? Fácil: eles culpam quatro outros caras por traírem Mao. 
Mas talvez seja mais do que isso. Tive a impressão que os chineses não gastam muito tempo criticando personagens de sua longa história de 5 mil anos. Por exemplo, perguntei ao Vitor (seu nome ocidental), um universitário chinês querido e inteligente de 19 anos, por que não há críticas aos imperiadores. Afinal, a maioria dos imperiadores foram cruéis ditadores que mandavam e desmandavam pensando apenas em si. 
Vitor e eu no Templo do Céu
E, no entanto, parece até haver uma idolatria a todo esse passado. Só em Pequim, além da Cidade Proibida, há inúmeros pontos turísticos relacionados a imperadores, como o Palácio de Verão e o Templo do Céu, entre outros. Por isso perguntei ao Vitor: por que vocês não fazem críticas aos imperadores? E adorei a resposta dele, sincera e legítima: “Porque nós ganhamos dinheiro com eles. E porque não adianta criticar: eles se foram. Nós estamos aqui”. 




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