A crise capitalista e os trabalhadores [2]
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A crise capitalista e os trabalhadores [2]


Por Altamiro Borges

Além da escalada destrutiva e regressiva contra o trabalho, a atual crise capitalista apresenta dois outros graves retrocessos. Para defender os seus interesses econômicos e geopolíticos, as potências imperialistas se tornam ainda mais agressivas. A crescente militarização é um dos traços do cenário internacional. EUA, França, Reino Unido e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) recorrem cada vez mais ao poder militar para manter a sua hegemonia. Mali, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria e Irã são os alvos atuais desta cobiça. As guerras localizadas se expandem pelo mundo, com milhares de mortos e inválidos.


Através da sua mídia venal, o imperialismo fala em “intervenção humanitária” e em defesa dos direitos humanos. O discurso utilizado é falso e serve apenas para enganar os ingênuos. Na verdade, a agressividade militar visa expropriar as riquezas naturais destas sofridas nações, como petróleo, ouro, diamante, urânio. A luta pela paz, contra as agressões imperialistas, é uma das principais bandeiras das forças progressistas na atualidade. O genocídio dos povos é mais uma prova de que o capitalismo não serve à humanidade.

Outro indicador perigoso é o do crescimento das forças fascistas no mundo. Aproveitando-se do caos do desemprego e da ausência de perspectiva entre os jovens, estas hordas bárbaras pregam a xenofobia, o racismo e o ódio aos imigrantes. Partidos de extrema direita crescem eleitoralmente na Europa e trazem à lembrança o trágico período do nazi-fascismo e da II Guerra Mundial.

Diante deste cenário sombrio, as vítimas da barbárie capitalista resistem e lutam por seus direitos. Nos últimos três anos, ocorreram explosões de revolta, principalmente da juventude, em várias partes do mundo. Nos EUA, o movimento Ocupe Wall Street realizou protestos diários contra o 1% de ricaços que explora os 99% da sociedade ianque. Na Espanha, a “revolta dos indignados” ocupou as principais praças do país contra o desemprego que afeta mais de 50% dos jovens. No Reino Unido, a decisão do governo conservador de David Cameron de cortar os investimentos sociais gerou uma violenta onda de quebradeira de bancos, automóveis e outros símbolos do capitalismo. Na Grécia e Portugal, o sindicalismo tomou a dianteira dos protestos e realizou várias greves gerais contra os “planos de austeridade” da troika. Já no mundo árabe, a revolta se dirigiu contra os governos autoritários associados aos EUA, como no Egito e na Tunísia. Na sequência, o imperialismo pegou carona na onda de protesto e financiou grupos terroristas para defender seus interesses na Líbia e Síria.

Apesar de toda esta resistência, estes movimentos ainda não conseguiram se apresentar como alternativa de poder. Predomina a ausência de organização e de objetivos mais definidos, o que indica que a luta dos trabalhadores e da juventude ainda se encontra numa fase de defensiva estratégica. Ela não consegue conter a escalada destrutiva do capitalismo. Há ainda muita dispersão e fragmentação. Neste vácuo, as forças de direita, inclusive neofascistas, crescem e projetam novas ameaças contra os direitos dos trabalhadores. As lutas prosseguem, mas os horizontes ainda são indefinidos e preocupantes.

Um fator que aumenta as turbulências e as incertezas no cenário internacional é o da ascensão de novos centros de poder. Este é um dado positivo da atualidade, que serve para enfraquecer a hegemonia das potências imperiais. O desenvolvimento no capitalismo é, ao mesmo tempo, combinado e desigual. O sistema está interligado, mas existem momentos na história em que os polos dominantes entram em crise e novos centros de poder aproveitam as oportunidades criadas pela própria crise para se tornarem contra-hegemônicos. Na atualidade, este processo se dá com o surgimento e crescimento dos Brics, o bloco dos “países emergentes”, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Atualmente, os Brics já acumulam mais da metade das reservas de divisas no mundo. As cinco nações também são responsáveis por 21% da riqueza (PIB) global e têm, juntas, quase metade da população planetária. A ascensão deste centro de poder é hoje a maior ameaça aos EUA. Daí o seu temor diante dos Brics e, especialmente, da China. Segundo o Conselho Nacional de Inteligência dos EUA, o país continuará com sua hegemonia em declínio e, em 2030, deverá ser superado pela nação asiática.

Nos últimos dez anos, a China já ultrapassou o Reino Unido, França, Alemanha e Japão, tornando-se a segunda maior potência do mundo. De acordo com o próprio FMI, a economia chinesa será a primeiro do mundo já em 2016. A agressividade dos EUA – que hoje contam com mais de 800 bases militares instaladas em cerca de 50 países – tem relação direta com a sua crescente perda de poder. As próprias manobras recentes do império, como o estímulo à chamada Aliança do Pacífico, confirmam que os EUA estão em decadência.

* Texto elaborado para o congresso do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema).




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