A desmoralização do BC - EDITORIAL O ESTADÃO
Geral

A desmoralização do BC - EDITORIAL O ESTADÃO


ESTADÃO - 22/01

Ao manter em 14,25% a taxa básica de juros, o Banco Central (BC) comprometeu sua credibilidade, o ativo mais importante da autoridade monetária. O presidente da instituição, Alexandre Tombini, terá muita dificuldade para contestar a humilhante versão corrente no mercado. Segundo todas as aparências, a decisão sobre os juros foi determinada pela presidente Dilma Rousseff, interessada em afrouxar a política econômica para reconquistar popularidade. Numa versão ainda mais desmoralizante, o episódio teria marcado uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da cúpula do PT. Até agora inúteis contra a Operação Lava Jato, as pressões do partido seriam muito eficazes quando aplicadas sobre o BC.

Tombini chocou o mercado ao indicar, na véspera da decisão, uma reviravolta na estratégia de combate à alta de preços. Durante um mês e meio dirigentes do BC haviam deixado clara a intenção de elevar os juros na reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom).

O compromisso com uma política severa foi reafirmado na carta enviada ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, com a explicação sobre o enorme desvio da inflação, em 2015, em relação à meta de 4,5%. Tombini reiterou, no texto, a disposição dos membros do Copom de tomar as medidas necessárias para conter a alta de preços, independentemente das demais políticas da área econômica. A carta ressaltou o efeito inflacionário do desajuste das contas do governo.

Durante semanas predominou no mercado a expectativa de uma alta de juros de meio ponto porcentual, justificada tanto pela persistência de uma inflação elevada como pela insegurança sobre a evolução das contas públicas neste ano. Como levar a sério um orçamento aprovado e sancionado com a previsão de receita de um tributo inexistente, o imposto sobre o cheque? Como acreditar nas promessas de ajuste de um governo gastador, populista e com um currículo de enormes desmandos na área fiscal?

Com a imagem de seriedade restaurada, gradualmente, a partir de 2013, quando foi retomada com algum empenho a política de combate à inflação, o BC permaneceu, até há poucos dias, como um raro fator de segurança num ambiente governamental de incompetência e de irresponsabilidade. Também isso acabou.

A reviravolta foi anunciada de forma escandalosa na véspera da decisão sobre os juros. Uma breve nota divulgada pelo BC resumiu um comentário de Tombini sobre a atualização das projeções globais do Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo o comentário, as mudanças na avaliação do cenário brasileiro, com estimativa de contração econômica de 3,5% neste ano e de crescimento nulo no próximo, haviam sido significativas.

A piora das expectativas em relação ao Brasil foi considerável, mas nada surpreendente, quando se considera a deterioração das condições políticas e econômicas desde o fim do ano. Surpreendente, mesmo, foi a divulgação do comentário do presidente do BC, como se a sua reação imediata fosse indispensável e normal. Não era, especialmente na véspera de uma deliberação do Copom, quando deve prevalecer a regra do silêncio.

Só havia uma explicação plausível: Tombini tentava justificar uma decisão contrária àquela indicada anteriormente. O recurso ao FMI para fundamentar a mudança foi especialmente estranho. O Fundo estaria mais informado a respeito do Brasil do que o BC? Poderia haver argumentos técnicos a favor da decisão, mas foram inutilizados com esse lance.

O comentário de Tombini concentrou-se nas previsões para o Brasil, mas a ênfase mudou no comunicado distribuído depois da reunião do Copom. Para justificar a manutenção da taxa de 14,25%, os autores do texto mencionaram a ?elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas?. A ênfase se deslocou para as incertezas externas, nem sequer mencionadas na declaração de Tombini. Insegurança internacional certamente existe, como indicam os tombos das bolsas de valores, mas, apesar disso, o FMI projeta para a economia global crescimento continuado em 2016 e 2017, com desempenho imensamente melhor que o do Brasil. Terá o BC aderido ao costume da presidente Dilma Rousseff de atribuir os males brasileiros às perversidades de um mundo cruel? Seria a cereja no bolo da desmoralização.




- "pombini" De Volta - Merval Pereira
O Globo - 21/01 A decisão do Banco Central de não subir os juros pode até mesmo ser sustentada tecnicamente, mas é inegável que o seu presidente, Alexandre Tombini, cometeu uma barbeiragem na condução do anúncio oficial, reavivando a desconfiança...

- Credibilidade Em Declínio - Editorial Correio Braziliense
CORREIO BRAZILIENSE - 21/01 Entre os vários fatores que contribuíram para a crise política e econômica que o país vive, pesou a falta de credibilidade do Executivo. As contradições têm sido a tônica do governo Dilma desde 2011. A previsão de...

- O Bc E Os Erros De Dilma - Editorial O EstadÃo
ESTADÃO - 12/01 Diante do risco de inflação ainda acima de 6,5% neste ano, com novo estouro do limite de tolerância, também conhecido como teto da meta, o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá anunciar mais um aumento de juros na próxima...

- 'super-tombini' - Raquel Landim
FOLHA DE SP - 18/01 SÃO PAULO - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, recebeu uma missão digna de super-herói: salvar a credibilidade da política econômica da presidente Dilma e controlar a inflação, que não dá sinais de baixar. O...

- Seu Bolso: O Comitê De Política Monetária (copom) Do Banco Central Elevou O Juro Básico Da Economia Em 0,25 Ponto Porcentual, Para 7,5% Ao Ano
SÃO PAULO - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou o juro básico da economia em 0,25 ponto porcentual, para 7,5% ao ano, encerrando um período de quase dois anos sem elevação. A decisão não foi unânime: seis dos integrantes...



Geral








.