A direita bate panelas na Argentina
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A direita bate panelas na Argentina


Por Altamiro Borges

Fragorosamente derrotada na última eleição presidencial, a direita argentina tenta se rearticular contra Cristina Kirchner. Nesta quinta-feira (7), moradores dos bairros luxuosos de Buenos Aires, como Recoleta e Palermo, voltaram a bater panelas contra as medidas econômicas que visam conter a libertinagem cambial. Já os ruralistas agendaram um locaute patronal. Os panelaços dos últimos dias têm reunido setores da elite argentina, conforme o excelente relato do jornalista Eric Nepomuceno para o sítio Carta Maior:


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São pessoas de classe média alta, mescladas com uns poucos legítimos representantes da mais enfática oligarquia, batendo panelas, caçarolas e frigideiras, protestando contra a corrupção, que dizem endêmica; a inflação, que dizem – e é - galopante; em defesa do livre direito de ir e vir, que dizem ameaçadíssimo; e, num resumo da verdade, contra a suspensão da venda de dólares”.

A queixa mais insólita que ouvi se refere à ameaça sobre o direito constitucional de ir e vir. A senhora cinqüentona, de casaco azul marinho de boa lã sobre um cashmere cinza-chumbo, com os cabelos tingidos de um louro recatado, golpeia furiosamente uma panela reluzente. E explica o seu protesto: “O governo me impede de me movimentar livremente. Se não posso comprar dólares, como posso programar minhas férias?”.

(...)

E tanto na periferia como nos bairros populares ninguém pensa em sair para as ruas num panelaço em defesa do sacrossanto direito das senhoras de Palermo, as que batem panela no escuro, comprarem dólares.

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Apoio da mídia golpista

Apesar de pequenos, os panelaços contam com a ampla cobertura da mídia golpista da Argentina. Clarín e La Nación, que se dizem vítimas de perseguição do governo, aproveitam para estimular as manifestações. Dizem que são “movimentos espontâneos da sociedade portenha”. Dão destaque para os cartazes expostos: “Acorda Argentina”, “Basta da ditadura K” e "Kristina = Korrupção".

Com o mesmo intento golpista, a mídia dá apoio ao locaute dos ruralistas. Convocada pelos quatro maiores sindicatos patronais, a “greve” visa pressionar o governo a alterar a sua política econômica, reduzindo impostos e garantido maiores privilégios aos barões do agronegócio. Está prevista, inclusive, a suspensão da comercialização de grãos, carnes e produtos não perecíveis.

Em março de 2008, os mesmos ruralistas promoveram o desabastecimento do país, causando a maior crise do primeiro mandato da presidenta Cristina Kirchner, que assumira o governo no final de 2007. Agora, os setores de direita da Argentina voltam a criar um clima de desestabilização política, sempre com o apoio da mídia golpista. Como se observa, eles desprezam a democracia!




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