Geral
A falta que faz uma Redação - ANA DUBEUX
CORREIO BRAZILIENSE - 15/09
"Todo ser humano precisa de um vício", costuma dizer uma amiga. E, por vício, nesse contexto, entenda-se algo que lhe desperte paixão e alento na mesma medida, que excita e acalma, que seduz e atormenta. No meu caso, a compulsão é pela notícia. Nada como passar uma semana longe da Redação para sentir a falta que ela faz. Até me rendi a uns capítulos da série norte-americana The Newsroom, que mostra os bastidores de um canal de notícias. Mas nem de longe a ficção consegue ser mais interessante do que a realidade. Se, em alguns momentos, a rotina alucinante de um jornal prejudica nossa saúde, noutros ela é um verdadeiro bálsamo contra a mesmice. Há 30 anos, estou dentro de Redações de jornais e, todos os dias, sinto-me como se estivesse chegando naquele momento.
Talvez seja esse sentimento que chamam de realização profissional, o que para muitos ainda é um sonho. Seis em cada 10 brasileiros, segundo consultoria especializada, pensam em mudar de profissão, ou seja, estão insatisfeitos com o ofício que escolheram e sofrem uma rotina diária. É fácil sentir-se fora do lugar quando o trabalho é apenas um meio de sobrevivência. Para mim, trata-se de vivência. É uma experiência rica e saborosa, que permite discutir, descobrir, desdobrar-se, discordar, rir, chorar, sucumbir à realidade - seja ela duríssima e cruel, como é na maioria das vezes, seja ela um retrato glamoroso.
Na semana em que estive fora, acompanhei de longe, por todos os meios, em especial o impresso, uma das mais controversas reviravoltas proporcionadas por este nosso Brasil: a análise dos recursos do julgamento do mensalão. Ser informada é diferente de informar, embora a passividade seja uma característica em extinção no tempo das redes sociais. Todos divulgam, opinam, pressionam. A diferença para os jornalistas é saber que alguém espera ler o que vamos escrever. Temos a obrigação, portanto, de assegurar ao leitor e ao internauta uma informação consistente, baseada numa percepção responsável da realidade.
Por dever de ofício, quem acompanha o debate no Supremo torna-se um especialista em direito e cidadania - o que mostra a natureza extrema de uma profissão que se reinventa a todo instante, ao sabor dos acontecimentos. Na próxima quarta-feira, estarei a postos nesse momento histórico, mais um dos tantos que vivi e de que jamais vou me esquecer. Com ajuda da Redação, não medirei esforços para explicar aos leitores do Correio o derradeiro voto que encerrará ou recomeçará um dos capítulos mais dolorosos da história política brasileira.
-
Origem E Destino Do Leitor - JosÉ Roberto De Toledo
O Estado de S.Paulo - 10/03 Se você está lendo este artigo em um jornal impresso, você faz parte de uma minoria. Ou melhor, de uma minoria da minoria. E não é só por causa da qualidade duvidável deste texto. A leitura de jornais em papel no Brasil...
-
Mendigo Do Amor - FabrÍcio Carpinejar
ZERO HORA - 26/01 Até que ponto é possível amar sem ser amado? Quando amamos platonicamente, o amor pode durar muito tempo. Pois não tem ninguém para estragar nossa idealização. Não há convivência para nos desafiar. É uma paixão estanque,...
-
Excluída - Martha Medeiros
ZERO HORA- 23/10 A Ana me ligou no final da tarde de sexta: ?E aí, você vem??. Eu não fazia ideia sobre o que ela estava falando. Foi então que a Ana se deu conta de que eu não estava no Facebook, portanto, não sabia da festa que a turma havia...
-
Um Texto Magistral Em O Globo
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador: Quando comecei a trabalhar na “Folha de S. Paulo” (foi meu primeiro emprego, há exatos 25 anos), manifestei os primeiros sinais de desânimo com a profissão que abraçara. Foi então que recebi de uma amiga...
-
Para Além Da Crítica Aos Jornalistas
Por Valério Cruz Brittos e Anderson David Gomes dos Santos, no Observatório da Imprensa: É curioso observar que, quando se trata de “deturpação pela grande mídia”, o primeiro alvo de ataques costuma ser não os grupos empresariais proprietários...
Geral