A festança dos golpistas de 1964
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A festança dos golpistas de 1964


Por Altamiro Borges

O jornalista Ilimar Franco publicou em sua coluna “Panorama Político” do jornal O Globo de sábado (17):

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Insubordinação


Como a presidente Dilma proibiu as comemorações oficiais de 31 de março, o Clube Militar antecipou a festa para dia 29. Os militares da reserva farão um painel sobre "A Revolução de Março de 1964". O convite exige traje esporte fino.



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A notícia confirma a escalada de provocações dos chamados “milicos de pijama”, saudosos dos tempos tenebrosos e sangrentos da ditadura. Em curto espaço de tempo, eles já protagonizaram dois atos explícitos de indisciplina militar, afrontando o que fixa a Constituição. A realização da prometida festança golpista, “em traje esporte fino”, representaria mais um afronta à democracia brasileira.

Manifestos e desacato à autoridade

Num primeiro ato, os presidentes dos três clubes militares criticaram a instalação da Comissão da Verdade, que visa apurar os crimes da ditadura, atacaram duas ministras do governo (Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, e Eleonora Menicucci, dos Direitos das Mulheres) e desacataram a presidenta Dilma Rousseff. Diante da reação, eles recuaram e retiraram do ar o seu documento provocativo.

Na sequência, outras viúvas da ditadura lançaram o manifesto “Eles que venham. Por aqui não passarão”, ainda mais arrogante e fascistóide. Além de prestarem solidariedade aos presidentes dos clubes militares, os valentões da reserva atacaram a presidenta e ainda rosnaram que “não reconhecemos qualquer tipo de autoridade” do ministro da Defesa, Celso Amorim.

O torturador Brilhante Ustra 

O manifesto reuniu as assinaturas de conhecidos partidários da ditadura. Ele foi postado no sítio “A verdade sufocada”, mantido pela mulher de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército e um das figuras mais emblemáticas do terror que imperou no regime militar. Como chefe do Doi-Codi, ele comandou diretamente as seções de tortura neste famigerado aparelho de repressão.

Agora, no terceiro ato provocativo, os militares organizam uma festa para celebrar o golpe de 1964, que derrubou o presidente eleito democraticamente, João Goulart, e instalou uma ditadura responsável pela morte, tortura e desaparecimento de centenas de patriotas e democratas. Não dá para aceitar passivamente a atitude golpista destes inimigos da democracia!

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