A MORTE DE UM PRESIDENTE
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A MORTE DE UM PRESIDENTE


JFK, Jackie, o governador do Texas e sua mulher, 22/11/1963.

Li na Vanity Fair de outubro de 2009 um artigo meio interessante, sobre um escritor chamado Manchester que foi convidado pela família Kennedy para escrever a “história oficial” sobre o assassinato do presidente, em novembro de 1963. O cara já havia escrito um livro sobre John F. Kennedy e era seu grande fã, e, como tanta gente, ficou devastado com o assassinato. Manchester não poderia imaginar que iria sofrer tanto pra publicar sua história. Gastou dois anos de sua vida, entrevistou mil pessoas, e escreveu tanto que teve que passar dois meses no hospital por esgotamento nervoso. Ainda assim, a viúva, Jackie, não gostou do resultado, e tentou censurar o livro. Depois de muitas negociações, Death of a President saiu, vendeu mais de um milhão de cópias, e todo o dinheiro foi pra biblioteca fundada pelos Kennedys. As dez horas de entrevista que Jackie deu a Manchester sobre o assassinato só serão divulgadas em 2067 (talvez vocês estejam vivinhos, mas eu dificilmente viverei até os cem anos).
O mais interessante no artigo, pra mim, foi o que Manchester descobriu em Dallas, cidade onde Kennedy foi baleado, como a gente já viu no Zapruder film (popularizado em JFK, do Oliver Stone. Eu odiava o filme, e agora gosto pacas. Acho-o totalmente envolvente, uma verdadeira aula sobre teorias da conspiração).
O Texas era o antro do conservadorismo na época. Numa entrevista recente, Tarantino falou sobre seu único personagem negro no magnífico Bastardos Inglórios, o projecionista. Disse que era bastante comum haver cidadãos franceses negros na Paris ocupada, e que na realidade era mais seguro ser negro numa Europa nazista do que no Texas dos anos 60. Parece que é verdade (e, se vamos falar em filmes, Mississippi em Chamas é uma outra aula de história). Pra muita gente, o Texas ainda é um lugar perigoso (lembrem-se da Louise não querendo sequer passar por lá pra chegar ao México em Thelma e Louise). Mas na época era pior, lógico. Em 1963 era o estado com o maior número de assassinatos, e Dallas era a cidade texana com o recorde, 110 assassinatos num só ano. Dallas tinha um monte de evangélicos, desses hiper radicais da direita cristã, que consideravam Kennedy um comunista. Lojas de judeus eram marcadas com suásticas, folhetos racistas eram distribuídos nas escolas públicas, um cartaz com a foto de Kennedy circulava com a palavra “Procurado” escrita embaixo. Não sei se preciso apontar as semelhanças com o que andam falando do Obama hoje. Eu teria muito, muito medo se fosse ele.
Manchester viu que, numa escola de um subúrbio rico em Dallas, as crianças da quarta série aplaudiram ao saber que Kennedy havia sido morto. O mais terrível é que, aparentemente, as últimas palavras que Kennedy ouviu em sua vida vieram de Nellie, mulher do governador (no carro com Kennedy e Jackie). Nellie, feliz com a recepção a Kennedy nas ruas, disse pra ele: “Senhor presidente, você não pode dizer que Dallas não te ama”. E aí veio o primeiro tiro, aquele chamado pelos que não acreditam que houve apenas um atirador de “bala mágica”, a que passou pelas costas do presidente, atravessou seu pescoço, saiu pela sua garganta, e atingiu as costas, peito, punho direito e coxa esquerda do governador. A mesma bala, se vocês creem em contos da carochinha!
Outra coisa que eu não sabia, ou não lembrava de ter lido, é que o vice Lyndon Johnson foi empossado no mesmo dia do assassinato de Kennedy, e Jackie se recusou a trocar de roupa: ela usou o mesmo vestido que estava usando no carro, quando seu marido foi atingido. O vestido tinha manchas de sangue. Ela justificou: “Deixe que eles vejam o que fizeram”. Meu, isso tem que ser muito traumático pra um país. Vamos torcer para que uma tragédia assim não se repita. Louco pra isso a gente sabe que tem.Vista atual de Elm Street em Dallas, o trecho onde o presidente foi assassinado.




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