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A Singularidade Tecnológica e o Transumanismo
Muitos expectadores de “Matrix” e outros filmes de ficção como “Exterminador do Futuro”, consideram os elementos mais fantásticos destes filmes – computadores inteligentes, download de informações para o cérebro humano, realidade virtual indistinguível da vida real – como divertidos enquanto ficção científica, mas bastante remotos da vida real. No entanto, por mais assustador que seja, muitos expectadores podem estar errados. Conforme explica o renomado cientista computacional e empresário Ray Kurzweil, esses elementos são muito possíveis e é bem provável que eles se tornem uma realidade ainda durante nossas vidas. Desta forma, estamos caminhando a passos largos para a famigerada Singularidade Tecnológica. Mas o que é isso?
- O que é a singularidade tecnológica?
Simplificando, esta é a denominação dada a um evento histórico previsto para o futuro, no qual a humanidade atravessará um estágio de colossal avanço tecnológico em um curtíssimo espaço de tempo.
Baseando-se em avanços obtidos nas áreas da informática, inteligência artificial, medicina, astronomia, nanotecnologia, genética e biotecnologia, muitos estudiosos acreditam que nas próximas décadas a humanidade irá atravessar a singularidade tecnológica e é impossível prever o que acontecerá depois deste período.
A aceleração do progresso científico e tecnológico tornou-se, nos últimos 300 anos, a característica mais marcante da história da humanidade. Desde o surgimento da ciência com Galileu Galilei, Isaac Newton e Leibniz, profundas mudanças políticas e econômicas ocorreram em todos os países. Tais mudanças se fazem mais notáveis nos últimos 30 anos com a explosão da era digital e do capitalismo financeiro.
Devido a ser um fato não ocorrido, existe muita teorização sobre o que poderia acarretar tal avanço (como uma 3º guerra mundial ou uma grande epidemia mundial e etc.), mas a grande maioria dos cientistas acredita que ela decorrerá naturalmente, como consequência dos acelerados avanços científicos. Outros acreditam que o surgimento iminente de supercomputadores dotados da chamada superinteligência será à base de tais avanços - argumenta-se em favor disso que somente com uma inteligência superior a humana poderia haver avanços científicos e tecnológicos tão rápidos e importantes. Há também quem acredite na integração homem-computador para o surgimento da superinteligência (transumanismo), mas a tecnologia necessária para tal pode estar mais distante de ser alcançada do que a inteligência artificial.
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Raymond Kurzweil |
Vários cientistas, entre eles Vernor Vinge e Raymond Kurzweil, e também alguns filósofos afirmam que a singularidade tecnológica é um evento histórico de importância semelhante ao aparecimento da inteligência humana na Terra. Outros, afirmam que a singularidade tecnológica é para o século XXI o que a revolução industrial foi para o século XVIII ou simplesmente que a singularidade tecnológica é na verdade a quarta revolução industrial.
- Transumanismo
O Transumanismo é uma filosofia emergente que analisa e incentiva o uso da ciência e da tecnologia, especialmente da biotecnologia, da neurotecnologia e da nanotecnologia, para superar as limitações humanas (intelectuais, físicas e psicológicas), e, assim, poder melhorar a própria condição humana.
Transumanistas estudam os benefícios e perigos potenciais das tecnologias emergentes que poderiam superar as limitações fundamentais humanas, assim como as implicações éticas envolvidas em desenvolver e usar tais tecnologias.
A imortalidade não seria fruto de uma única invenção ou descoberta, mas um desenvolvimento contínuo da tecnologia relacionada à saúde e a medicina, fazendo a expectativa de vida tender a subir exponencialmente a ponto de considerar que o ser humano não irá mais morrer por conta de velhice.
- Transporte da mente
Conhecida também como Mind Upload ou sublimação, é uma ideia que tem se desenvolvido, e envolve a transferência da personalidade de um indivíduo e suas memórias para a interface do computador.
Acredita-se que uma pessoa possa transformar a sua personalidade, memória e essência (ou alma) em dados de computador. Sendo assim, essa pessoa poderia viver eternamente caso algo acontecesse ao seu corpo orgânico dentro de um sistema de computação. Ela poderia transferir sua consciência para um computador ou para a mente de um bebê recém-nascido. O bebê, então, iria crescer com a individualidade da pessoa anterior, e não desenvolveria sua própria personalidade. Futuristas como Moravec e Kurzweil propuseram que, graças ao crescimento exponencial do poder da computação, um dia será possível fazer o upload da consciência humana para um sistema informático, e viver indefinidamente em um ambiente virtual. Isto poderia ser conseguido através de avanços da cibernética, onde o hardware seria inicialmente instalado no cérebro para ajudar a memória a "digitalizar ou acelerar os processos de pensamento". Componentes seriam adicionados gradualmente até que as funções do cérebro da pessoa fossem inteiramente dispositivos artificiais, evitando transições radicais que poderiam levar a problemas de identidade.
Após este ponto, o corpo humano poderia ser tratado como um acessório opcional e que a mente poderia ser transferida para qualquer computador suficientemente potente. Pessoas neste estado seriam, então, essencialmente imortais, a menos que a máquina que as mantém seja destruída.
Essa tecnologia poderia ser usada como uma forma de armazenar dados das mentes de soldados. Esses dados ficariam em um local seguro e, caso esses soldados fossem mortos em guerra, com sua essência eles poderiam ser revividos, assim evitando o sofrimento da morte para a família.
- A ética atrás da sublimação
É evidente que essa questão gera muita polêmica. Como ainda não existe uma legislação especifica para esse caso, uma pessoa sublimada não teria nenhum impedimento para praticar muitos crimes, como assassinato por exemplo (já que homicídio é qualificado como um humano matando outro e, de certo ponto de vista, o individuo deixa de ser humano).
Outro ponto a ser comentado é a questão de o homem se tornar uma espécie de deus, já que, com uma análise detalhada de dados, podemos até criar um homúnculo (ou uma consciência artificial) baseando-se em tais dados; o que poderia levar a máquina (ou o homúnculo) dotada de livre-arbítrio a cometer crimes e ficar impune. Se forem criadas leis que regem o comportamento do robô, o ser citado acima, por possuir livre-arbítrio, poderia se negar a seguir tais leis, o que cientificamente seria absurdo de se aceitar. Isso sem contar a questão da imortalidade.
Com isso surgiriam questões do tipo: é ético ser imortal? Seria injusto não aplicar as mesmas leis humanas a robôs? Seria injusto excluí-los do mesmo código de ética, mesmo sabendo que eles devem ser uma espécie de escravos do ser humano e não poderiam seguir o seu livre-arbítrio tão livremente assim?
- Estimativas
Para muitos, o prazo para o aparecimento de entidades robóticas conscientes seria muito extenso, porém um fato verificado é que a velocidade de progresso não vai permanecer na atual; de acordo com confiáveis modelos, ela está dobrando a cada década.
Realizaremos cem anos de progresso na velocidade atual de progresso em 25 anos. Os próximos dez anos serão como vinte, e os dez anos seguintes serão como 40. O século XXI será, portanto, como 20,000 anos de progresso – na velocidade atual. O século XX, por mais revolucionário que tenha sido, não teve cem anos de progresso na velocidade atual; desde que aceleramos até a velocidade atual, foram de fato quase 20 anos de progresso. O século XXI será aproximadamente mil vezes maior, em termos de mudança e alteração de paradigma, do que o século XX.
Muitas dessas tendências derivam de reflexões sobre as implicações da Lei de Moore. Esta lei se refere a circuitos integrados e declara notavelmente que o poder computacional disponível por um determinado preço dobra a cada 20 a 24 meses. A Lei de Moore tornou-se um sinônimo do crescimento exponencial em computação. No entanto, o crescimento exponencial da computação vai substancialmente além da Lei de Moore. De fato, o crescimento exponencial vai além da simples computação, e se aplica a todas as áreas de tecnologias baseadas em informação, tecnologias que irão fundamentalmente remodelar nosso mundo.
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Lei de Moore |
Sendo assim, a maior parte daqueles que pesquisam ou discutem a singularidade tecnológica acreditam que esta possa decorrer entre os anos de 2025 e 2070. No entanto, Kurzweil observou, em 2011, tendências existentes e concluiu que a singularidade estava se tornando mais provável de ocorrer em torno de 2045. Ele disse à revista Time: "Vamos com sucesso a engenharia reversa do cérebro humano em meados dos anos 2020. No final dessa década, os computadores terão inteligência no mesmo nível humano."
- A revolução das máquinas
Existe atualmente uma complexa discussão sobre os perigos que a singularidade tecnológica poderá trazer à humanidade.
Segundo muitos estudiosos, um intelecto artificial muito superior aos melhores cérebros humanos em praticamente todas as áreas, incluindo criatividade científica, sabedoria geral e habilidade social, não teria por que estar submisso a nós. De acordo com esta linha de raciocínio, Vernor Vinge aposta na rebelião das máquinas inteligentes contra os homens, o que poderia resultar em um extermínio total ou na escravização da raça humana após uma guerra de grandes proporções.
Tradicionalmente argumenta-se que os homens jamais iriam entregar o poder às máquinas ou dar-lhes a capacidade de tomá-lo de nós, mas as coisas podem se suceder de forma diferente, já que o grau de dependência do homem aumentará paulatinamente até chegar a um ponto em que não restem alternativas senão a de aceitar as decisões tomadas pelas máquinas. Na mesma proporção em que os problemas da sociedade se tornarem mais complexos e as máquinas mais inteligentes, cada vez mais decisões serão tomadas por elas simplesmente por serem mais eficazes que as tomadas pelos humanos. Isso pode levar a um estágio em que a nossa dependência em relação às máquinas transforme-se no domínio pacífico das mesmas sobre nós, o que não descarta a possibilidade de um domínio agressivo.
Temos também Bill Joy, fundador da Sun Microsystems, que publicou no ano 2000 o, atualmente famoso, artigo "Por que o futuro não precisa de nós?", onde defende a ideia de que as máquinas inteligentes e auto-replicantes são perigosas demais e poderão facilmente fugir do nosso controle.
- Hollywood
Há muito tempo o cinema e a ficção-científica abordam temas relacionados ao fim do mundo, mas a singularidade tecnológica como ameaça global é algo bem mais recente. Um exemplo disso é o filme Matrix, que apresenta uma versão bastante elaborada de como poderá ocorrer a singularidade tecnológica. No filme, uma guerra entre homens e máquinas inteligentes é travada entre 2094 e 2102 com a derrota e consequente escravização da humanidade. De forma semelhante, o filme O Exterminador do Futuro aborda uma longa e inacabada guerra entre homens e máquinas.
Por outro lado, alguns filmes, como, por exemplo, Eu, robô do escritor Isaac Asimov (que escreveu quase 500 livros) , são mais cautelosos e abordam uma vitória humana sobre a questão. Outros , como
O Homem Bicentenário (também do escritor
Isaac Asimov), mostram que a inteligência artificial pode ser totalmente benéfica e que a singularidade tecnológica pode não trazer perigos potenciais à humanidade.
Nós já percorremos um bom pedaço dessa estrada. Se todas as máquinas no mundo parassem hoje, nossa civilização seria esmagada e estacionaria. Isso não seria verdade há poucos trinta anos. Em 2040 a inteligência humana e a das máquinas estarão profundamente fundidas. Tornaremos-nos capazes de experiências muito mais profundas, de muitos e diferentes tipos. Ou seja, estamos nos tornando cada vez mais simbióticos com relação às máquinas. Resta apenas saber se nossas criações serão gratas a nós por termos as criado, e zelarão por nós. Ou então nos “aposentem” forçadamente, tal como um filho interna seus ultrapassados pais em um asilo. A resposta talvez esteja na forma que as trataremos e tal como nossos filhos, ensinaremos através dos exemplos. Pergunto-me, ensinaremos o respeito ou ensinaremos a intolerância?
No final, o futuro pode ser assustador...confira neste vídeo.
Henrique Guilherme
Escritor e estudioso.
Curioso a cerca dos grandes mistérios das antigas civilizações
http://www.facebook.com/henrique.aborigine
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