Vem circulando pelas redes sociais, desde o último dia 1º, uma montagem comparando a quantidade de lixo deixado em uma praia de Miami (EUA) e na praia de Copacabana (RJ) após a festa de Ano Novo. O intuito da postagem, que foi compartilhada por centenas de internautas, era o de depreciar o brasileiro diante do cidadão estadunidense, conforme sugeriu o próprio autor da montagem na legenda.
“A primeira foto abaixo é Copacabana no dia 1º de 2016. A segunda foto abaixo é de Miami no 1º dia de 2016. Acho que este país merece o governo que tem… Porcos! Lamentável! Complexo de vira-lata? Não! É a realidade”, escreveu.
A montagem, no entanto, não passa de uma farsa. A foto da praia de Copacabana, de fato, corresponde ao fim da festa de Réveillon de 2016. A de Miami, por sua vez, registra uma praia particular, de South Beach, e foi tirada em junho de 2009 por Ben Granthan. O local é considerado de elite e uma diária em um hotel da região varia entre mil e dois mil dólares – ao passo que a praia de Copacabana, que recebeu 2 milhões de pessoas esse ano, é pública.
Esse costume que parte da elite brasileira tem em depreciar o Brasil para enaltecer uma dinâmica clássica de desigualdade social ao reafirmar que “prefere Miami” é, constantemente, alvo de ironia por parte de figuras do humor. Marcelo Adnet, por exemplo, interpretou em 2012 o personagem Marco Graco – estereótipo escrachado do brasileiro com o “complexo de vira-latas”. Confira o vídeo.
Para se ter uma ideia de como a montagem induz a uma falácia, basta comparar uma foto real da festa de Ano Novo entre os dois países. A fotografia abaixo da NewsWeek, por exemplo, retrata como ficou a Times Square, em Nova Iorque, após o Réveillon de 2015.
Foto: NewsWeekO local, inclusive, é considerado por muitos uma “roubada” no Ano Novo por conta da superlotação e falta de estrutura. O jornalista Guga Chacra, por exemplo, lembrou, no último dia 31, que algumas pessoas vão comemorar o Réveillon na Times Square de fraldas por não existirem banheiros públicos.