A violência contra os professores no RJ
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A violência contra os professores no RJ


Por Altamiro Borges

A repressão aos professores em greve no Rio de Janeiro pode afundar de vez a já baixa popularidade do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB. Nesta terça-feira (1), as cenas de brutal violência voltaram a chocar os cariocas. Centenas de policiais cercaram a Câmara dos Vereadores no momento da votação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos trabalhadores no ensino público. O plenário ficou vazio e bombas de efeito moral foram utilizadas pela PM para dispensar os grevistas que tomaram a frente do Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo municipal.

Segundo relato do repórter Vladimir Platonow, da Agência Brasil, "enquanto os vereadores discursam, pode ser ouvido o barulho de bombas de efeito moral usadas pela PM para dispersar os professores do lado de fora do prédio. A Avenida Rio Branco, uma das principais do centro, foi bloqueada desde o período da manhã, assim como as ruas Evaristo da Veiga e Senador Dantas, o que provocou problemas no trânsito da região central".

Já o jornal Brasil de Fato registra que "a manifestação seguia sem tumulto, até que a Tropa de Choque resolveu, por volta das 21 horas, dispersar os black blocs que participavam do protesto em apoio aos professores. Oito pessoas foram detidas e pelo menos outras seis ficaram feridas. Fotógrafos registraram o momento em que um jovem foi agredido com golpes de cassetetes por três policiais. Segundo a PM, o cerco aos professores acampados ao lado da Câmara foi ordem do presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB)". 

A violenta repressão aos professores em greve tem gerado crescentes protestos de parlamentares e lideranças dos movimentos sociais. Reproduzo abaixo as duras notas divulgadas nesta terça-feira pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB):  

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Nota da CUT:

O Estado Democrático de Direito vem sendo flagrantemente violado pela ação da Polícia Militar na Câmara dos Vereadores do Rio. Depois de ter arrombado o portão da sede do Poder Legislativo na noite de sábado e retirado os professores na base de socos, pontapés e gás de pimenta, sem mandado de reintegração de posse, nesta segunda-feira (30), a PM se superou em termos de truculência.

Simplesmente partiu para a agressão gratuita e generalizada contra tudo e contra todos, jogando bombas a torto e a direito contra o acampamento dos grevistas e usando e abusando o gás de pimenta e das balas de borracha. O resultado de tanta violência foi professor com fratura exposta no pé, outro com orelha quase decepada, além de muitos feridos e presos. Sem contar que a normalidade democrática foi brutalmente afrontada, já que a sede de um poder constituído e todas as ruas do entorno foram cercadas por grades e pelo Batalhão de Choque da PM.

Em síntese, no Rio de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, professor é tratado como bandido e as regras democráticas são violadas como se vivêssemos numa ditadura. A CUT-RJ exige a apuração desses episódios lamentáveis e a punição de todos os culpados. A central, conforme já anunciou em nota divulgada neste domingo, não hesitará em acionar a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, o Ministério da Justiça e o Ministério Público com este objetivo.

A CUT-RJ segue cobrando ainda a retirada da urgência na votação do Plano de Carreira e a retomada das negociações com a categoria. Também manifesta, mais uma vez, todo o apoio à greve dos profissionais da educação e repudia veementemente a violência do estado contra uma categoria profissional em luta.

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Nota da CTB

A direção da CTB-RJ e todos os seus sindicatos e núcleos filiados vêm a público manifestar sua solidariedade ao SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação do Rio de Janeiro) bem como a todos os professores, professoras e demais membros da categoria que estão em greve no estado do Rio de Janeiro.

Repudiamos também a violenta ação da PM (Polícia Militar) que no sábado (28/09) impôs a saída dos profissionais da Câmara de Vereadores e reprimiu com igual violência os manifestantes que apoiavam a ocupação do lado de fora, na qual a PM deliberadamente utilizou bombas de efeito moral, bombas de gás, gás de pimenta e cassetetes.

Cabe ressaltar que esta onda de violência, apesar de ter se acentuado, já vem sendo implementada desde as manifestações de junho. Agora o governo estadual e a PM transformaram o centro do Rio numa verdadeira Faixa de Gaza impedindo inclusive o constitucional direito de ir e vir.

Ao mesmo tempo em que a CTB-RJ e os sindicatos e núcleos filiados repudiam a violência policial que se abateu sobre a legítima manifestação dos trabalhadores que estão reivindicando democraticamente seus direitos, conclamam todos os setores democráticos da sociedade a se somar à luta dos trabalhadores e impedir a escalada do autoritarismo no Rio de Janeiro.

A CTB-RJ apoia a luta dos profissionais de Educação do Rio de Janeiro por um Plano de Cargos Carreiras e Salários que dignifique os trabalhadores e trabalhadoras e exige a imediata retirada de pauta da proposta enviada à Câmara de Vereadores pelo prefeito Eduardo Paes e a retomada das negociações com a categoria através da Comissão de Negociação do SEPE e o fim da repressão policial.


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