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A visita de John Kerry - CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 12/08
O secretário de Estado americano, John Kerry, chega ao Brasil amanhã em visita oficial, que coincide com o escândalo provocado pelas denúncias de espionagem feita por agências norte-americanas. Ele e o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, vão ter uma agenda calcada na diplomacia, mas, com certeza, tensa. Na pauta, a visita oficial da presidente Dilma Rousseff a Washington, em 23 de outubro.
Contudo, o prato principal serão as acusações do ex-agente norte-americano Edward Snowden sobre a bisbilhotice global, que atingiu em cheio o Brasil. Em razão delas, o Congresso Nacional iniciou investigação. Na semana passada, ouviu o jornalista Glenn Greenwald, colunista do jornal britânico The Guardian, a quem Snowden entregou vários documentos. Glenn afirmou que a intercepção de dados eletrônicos e telefônicos no mundo todo é usada pelos EUA não só para combater o terrorismo mas também para obter vantagens comerciais e industriais.
Kerry e Patriota levarão à mesa do encontro os aspectos da relação entre os dois países, com ênfase no comércio. Se Kerry vai tentar superar o incidente e retomar a agenda positiva com a América Latina, iniciada este ano pelo presidente Barack Obama, não se sabe, mas fatalmente deve chegar preparado para responder a questões a respeito das acusações de Snowden. Há uma semana, Patriota esteve em Nova York e declarou que o Brasil ainda está insatisfeito com as justificativas apresentadas por Washington.
O diplomata brasileiro afirmou que a ação fere direitos individuais e internacionais e precisa ser esclarecida. Na Organização das Nações Unidas (ONU), os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) entregaram ao secretário-geral, Ban Ki-moon, nota de repúdio ao procedimento americano. No mesmo documento, os chanceleres expressaram indignação por países europeus não terem permitido a aterrissagem do avião em que viajava o presidente da Bolívia, Evo Morales, suspeito de levar Edward Snowden a bordo.
É passivo que John Kerry, na primeira viagem à América do Sul, vem com o propósito de aparar arestas. O terreno precisa ser preparado para Dilma Rousseff acertar com o colega Barack Obama a melhoria do fluxo de comércio bilateral e dos investimentos norte-americanos no Brasil. No roteiro de Kerry está também a Colômbia, onde vai discutir com o presidente Juan Manuel Santos o apoio da Casa Branca às conversações de Bogotá para um acordo de paz com a guerrilha, que mina o país há décadas. É possível que, depois da visita, Washington passe a ver a América do Sul com a merecida atenção e importância no cenário mundial.
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