Geral
A vitória de Hollande e os desafios
Por Mauro Santayana, em seu blog:A derrota de Sarkozy não deve ser vista como uma vitória da esquerda, ainda que seja um êxito de François Hollande. A estreita margem de maioria dos votos, poluída pela contribuição de 49% dos sufrágios da Frente Nacional, não confere ao novo presidente tranqüilidade para chefiar o Estado. Ele terá que atuar com habilidade e força de ânimo, a fim de garantir a maioria da Assembléia Nacional, nas próximas eleições legislativas nos dois turnos, de 10 e 17 de junho deste ano. Este será um mês crucial, na busca de maioria de esquerda, capaz de permitir umacoabitação harmônica entre o presidente e o futuro primeiro ministro.
De qualquer forma, cabe ao presidente a gestão política do Estado, em suas linhas maiores, entre elas as da política externa, que a prudência sempre rege, e não se esperam rupturas abruptas. As guerras, como a paz, são de gestação lenta, porque ambas acarretam conseqüências históricas fortes. Muitas alianças internacionais, identificadas como de paz ativa, correspondem ao armistício, à perigosa cessão de parcelas de soberania.
A referência expressa de Hollande à Alemanha, e a pronta manifestação de congratulações de Ângela Merkel ao líder socialista, confirmam o dissídio entre as duas nações mais fortes da União Européia. Entendem ambos que devem encontrar um ponto de entendimento. Se faz falta esse ponto de entendimento, é porque Berlim compreende que alguma coisa vai mudar no Eliseu.
Com Sarkozy era fácil: apesar de dificuldades pontuais, os dois líderes se entendiam no conservadorismo comum, na defesa da chamada austeridade – sobre o lombo dos trabalhadores – e na proteção aos grandes banqueiros internacionais. Isso sem falar que o meridiano de Tel-Avive faz sua curva no espaço, a fim de passar, ao mesmo tempo, pela Unter den Linden e pela Avenue des Champs Elisées.
É provável que, ainda sob a mauvaise conscience do antissemitismo histórico da França, agravado pela ocupação nazista, Hollande mantenha a retórica de defesa de Israel, mas sem o empenho de Sarkozy contra os muçulmanos e, sobretudo, contra os palestinos.
Com todas as preocupações, diante do futuro próximo, alguma coisa se move em Paris e em Berlim, além das árvores de suas duas grandes avenidas. Se o vento será tão forte para derrubar a ordem neoliberal vigente, não sabemos.
-
Hollande Derrota Sarkozy. E Agora?
Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual: François Hollande tornou-se o segundo presidente de esquerda eleito na França depois da Segunda Guerra, sucedendo Nicolas Sarkozy. O último presidente de esquerda eleito fora François Mitterand, eleito em...
-
Eleição Pode Mudar ânimos Na França
Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras: Na última década, uma nova cultura política, que brotou de grandes mobilizações de rua e dos Fóruns Sociais Mundiais, relativizou a importância das eleições. Ela mostrou que política é algo que...
-
O Próximo Desafio
Com uma vitória convincente mas menos expressiva do que o esperado, Hollande tem de esperar pelas eleições legislativas de Junho, pois sem uma maioria parlamentar o seu papel de Presidente fica amputado de boa parte do poder governativo. Até...
-
Hollande
Também não penso que a esperada vitória de Hollande represente só por si o início de uma viragem política a favor da esquerda na Europa e o princípio do fim da actual hegemonia da direita nos governos nacionais e nas instituições da...
-
Ilusões
Não acompanho as grandes esperanças dos socialistas europeus na esperada vitória de François Hollande hoje em França, especialmente numa mudança de orientação da União Europeia, desde logo no que respeita à resposta à crise. Primeiro, não...
Geral