Levantamento do Retrato da Segurança Viária 2014, do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), com informações do Datasus, vinculado ao Ministério da Saúde, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e da ANTP (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros), mostra que 45 mil pessoas morrem por ano no trânsito e outras 177 mil ficam feridas. Em termos de segurança no trânsito, o Brasil fica na 148ª posição,atrás da Índia, onde o trânsito é caótico.
Na quinta-feira, 9, o enfrentamento pelos municípios dos problemas no trânsito foram tema de debate durante o III EMDS (Encontro de Municípios com o Desenvolvimento Sustentável), realizado em Brasília (DF).
?Os dados são alarmantes e nós não percebemos a existência de uma política de estado de combate a esse problema?, avaliou Luiz Carlos Mantovani Néspoli, superintendente da ANTP em entrevista à CNT. ?A sociedade já tem um diagnóstico, conhece os fatores de risco: velocidade, álcool, ultrapassagens perigosas, avanço de sinal, atropelamentos . É agindo sobre eles que podemos ter sucesso em reduzir esses números?, reforçou. Na avaliação dele, faltam ações coordenadas entre os órgãos de trânsito e o que mais preocupa é a ausência de ações permanentes e efetivas por parte dos executivos.
Na opinião do diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, José Aurelio Ramalho, o maior problema é a falha na educação para o trânsito, principalmente na formação de novos motoristas. ?O sistema está preparado para adestrar motoristas. Todos decoram as sinalizações de trânsito para passar na prova. As pessoas não são preparadas para refletir sobre as atitudes que devem ser tomadas e os riscos envolvidos?, destacou.
Outro problema que esbarra na falta de segurança nas vias públicas é a municipalização do trânsito. Somente 26% das cidades atendem à exigência do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O envolvimento das prefeituras, para Ramalho, é essencial. ?É papel dos municípios realizar o monitoramento de dados estatísticos, cuidar da engenharia, da operação, da fiscalização e criar as escolas públicas de trânsito. É nas cidades que as coisas acontecem?, salientou.
Diferentemente do que ocorre em outros setores, não há destinação de verba específica para o trânsito, o que dificulta o trabalho das prefeituras. O tema, para Ramalho, deve ser debatido entre União, estados e municípios.