Por Altamiro BorgesO Ministério Público Federal em Minas Gerais finalmente decidiu apurar se o ex-governador Aécio Neves (PSDB) cometeu crime ao utilizar recursos públicos para construir um aeroporto dentro da fazenda de seu titio-avô em Cláudio, no interior do Estado. O “aecioporto”, como já foi apelidado nas redes sociais, custou R$ 14 milhões e foi erguido nas terras de Múcio Guimarães Tolentino, a poucos quilômetros do refúgio preferido do cambaleante presidenciável tucano, a Fazenda da Mata. Ele tinha uso privado e operava sem homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A chave do local ficava em poder de familiares de Aécio, que precisavam ser consultados para liberar o uso da pista.
A abertura da investigação é quase um milagre, fruto do processo eleitoral, já que o tucano sempre gozou de total impunidade nos seus atos. No início de outubro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a arquivar um processo criminal solicitado pelo PT contra Aécio Neves. Para compensar, porém, ele determinou que a representação fosse encaminhada ao Ministério Público Federal de Minas Gerais para a avaliação de casos de improbidade administrativa. O objetivo é “apurar possíveis irregularidades na utilização de recursos públicos pelo então governador de Minas, Aécio Neves da Cunha, para a construção de um aeródromo em propriedade de seu tio-avô, senhor Múcio Guimarães Tolentino".
Nada garante que a investigação sobre o “aecioporto” vá prosperar e, muito menos, de que o cambaleante Aécio Neves será algum dia punido. A Justiça mineira é famosa por sua subserviência diante do tucanato; já a mídia local é conhecida por sua postura chapa-branca, alimentada por milionária publicidade. Talvez a vitória de Fernando Pimentel (PT), que derrotou o PSDB após 12 anos de total hegemonia no governo de Minas Gerais, altere este quadro de impunidade. O ideal seria realizar uma devassa para conhecer os crimes cometidos neste longo período, garantindo ampla transparência sobre os gastos públicos e um estudo rigoroso sobre a herança maldita dos tucanos em Minas Gerais.
Neste processo, também seria positivo analisar o comportamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que na semana passada cometeu mais um ato sinistro. Após a denúncia da presidenta Dilma Rousseff sobre a ilegalidade no uso de recursos públicos para a saúde, feita durante o debate da Band em 14 de outubro, os relatórios técnicos sobre o setor simplesmente foram retirados do site do TCE-MG. Caso Aécio Neves seja barrado pelas urnas no próximo domingo, a situação do tucanato mineiro ficará vulnerável com a dupla derrota – no Estado e na sucessão presidencial. Seria o caso, inclusive, de solicitar de imediato as chaves do “aecioporto” para evitar qualquer fuga!
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