Por Altamiro Borges
O economista Armínio Fraga é um neoliberal convicto, que nunca escondeu as suas ligações carnais com o império ianque. Ele inclusive é naturalizado nos EUA, a sua pátria amada e idolatrada. Ele já foi membro do Conselho Internacional do banco JP Morgan, da Junta Assessora do Banco Mundial e de vários outros antros rentistas - trabalhou até no banco central estadunidense, o poderoso Federal Reserve (Fed). Ficou famoso, porém, como moleque mimado do agiota planetário George Soros, na Soros Fund Management - culpada pelo desastre financeiro e a desgraça social de inúmeros países.
Com este vasto currículo, não causa surpresa a sua entrevista na Folha desta terça-feira (17), na qual defende abertamente o impeachment de Dilma. Como ex-presidente do Banco Central no reinado de FHC - quando foi responsável pela inflação em alta (12,5 em 2002) e por recordes de desemprego -, ele agora posa de salvador da economia nativa. Seu receituário, porém, é dos mais destrutivos, o que causa alívio aos brasileiros que evitaram a vitória de Aécio Neves em outubro passado. O golpista Armínio Fraga, anunciado como futuro czar da economia pelo cambaleante tucano, não tem qualquer compromisso com o Brasil e com seu povo. Vale conferir apenas a abertura da reveladora entrevista:
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Impeachment pode ser forma de destravar crise, diz Armínio Fraga
Ana Estela de Sousa Pinto - Editora de "Mercado"
Com ou sem Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, o Brasil caminha para o 'caos profundo' se não mudar de rota. O PT já desperdiçou sua chance e o impeachment - desde que dentro das regras - seria uma solução para destravar a crise, na visão do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.
No curto prazo, todos os seus cenários são sombrios: o desemprego vai piorar, a inflação corre o risco de desgarrar-se na esteira do dólar, que ainda pode subir.
Para o economista, o país ainda não está barato o suficiente para compensar o risco de investir e, mesmo superada a crise atual, o crescimento não volta se não for equacionada a dívida pública.
Em duas horas de entrevista, as palavras "crise", "buraco" e "dívida" foram citadas 4 vezes cada uma, e 12 vezes falou-se de "problemas" - entre os principais, Estado inchado e produtividade baixa.
Foram 12 também as menções a "reformas", única saída sustentável na avaliação de Fraga: "Ou vamos mergulhar no caos profundo. É disso que estamos falando. Não é uma aspirina e um suco de laranja que vai resolver."
O economista, um dos formuladores do programa do candidato tucano Aécio Neves em 2014, foi incisivo sobre a necessidade de mudança política. "Chegou a hora. O PT fez essa lambança toda, imperdoável", afirmou, ao defender "uma nova liderança".
"Pessoalmente, preferia que fosse o PSDB, mas pode ser qualquer outra, desde que seja moderna."
Sem pronunciar nem uma vez o nome da presidente Dilma Rousseff - substituído por "ela", "a chefe dele [Levy]" e "para quem ele trabalha" -, Fraga diz que, apesar da atual crise política, existe uma janela para reformas mais amplas.
"Pode-se chegar a um ponto em que o medo domine e, se houver um mínimo de dignidade política e diagnóstico, pode ser que comece o processo."
Um "bom sinal", para ele, foi a apresentação pelo PMDB do documento "Ponte para o Futuro". O PMDB, aliás, foi citado pelo economista mais vezes que os tucanos: 3 X 2.
"Temos que mostrar que uma alternativa mais transparente e mais liberal, com um Estado melhor, é muito mais progressista que o que tivemos aqui. O modelo atual é um modelo saturado, um Estado que no fundo não atende aos mais pobres. Eles foram beneficiados, sim, com melhorias importantes, mas há um dinheiro enorme indo para outros lugares e sendo desperdiçado. Essa é uma boa briga política."
À mesa de almoço improvisada numa sala de reuniões da Gávea Investimentos, empresa que ele e seus sócios acabam de recomprar do JP Morgan, Fraga afirma que ainda não se "desintoxicou" da "nojeira" da campanha eleitoral e prefere não pensar na possibilidade de voltar à vida pública.
Usando várias vezes o termo "cardápio" para suas propostas de reforma, ele elogia a comida preparada pela cozinheira de sua casa, que chega em malas térmicas: salada de alface com abacate, arroz integral, feijão, farofa com cebola, frango grelhado e batata doce corada. "Tudo orgânico."
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Armínio Fraga pode até comer comida orgânica, mas seu receituário político e econômico é cheio de agrotóxicos. Entre outros ingredientes, arrolados pela Folha, o economista brasileiro naturalizado nos EUA propõem: ampliar a meta do superávit primário - nome fictício da reserva de caixa dos bancos; "aprovação da idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres e reprovação do fator previdenciário"; "desvinculação do piso da Previdência do salário mínimo (essa vinculação é cara e regressiva)"; "mudança das regras trabalhistas também (onde o negociado se sobrepõe à lei)"; "revisão da cobertura da estabilidade do emprego no setor público". É puro veneno! E o pior é que ele vem embalado no invólucro golpista do impeachment de Dilma.
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