Geral
Algumas lições do ano - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
GAZETA DO POVO - PR - 26/12
O governo deveria ter humildade para fazer um balanço com foco nos equívocos e nas lições deles derivadas para ajudar a evitar erros similares no futuro
Se o ano de 2013 não ofereceu resultados espetaculares para a economia, pelo menos serviu para deixar algumas lições econômicas importantes. Se o governo tivesse humildade para fazer um balanço com foco nos equívocos e nas lições deles derivadas, o aprendizado poderia ser bastante grande, o que ajudaria a evitar erros similares no futuro. Mas o problema está justamente nisso: o governo da presidente Dilma, a começar por ela própria, não tem propensão à humildade.
Entre as várias lições derivadas dos equívocos, algumas merecem destaque. A primeira é que não se obtém crescimento econômico ? medido pela expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ? a não ser que a taxa de investimento cresça, sobretudo os investimentos em infraestrutura. O governo implantou várias medidas pontuais, a exemplo de estímulos tributários específicos, e abusou da tentativa de aumentar o consumo por meio de estímulo ao endividamento das pessoas para forçar o crescimento do PIB. Porém, ao mesmo tempo, descuidou dos investimentos em obras de infraestrutura física.
Essas estratégias começaram já no governo Lula e deram certo por algum tempo. Ao ser expandido, o consumo das famílias puxou a produção para cima, o nível de emprego aumentou e, até 2010, o PIB cresceu. Uma vez esgotada a capacidade de endividamento pessoal, a opção de promover o crescimento por essa via esgotou-se. Embora tenha percebido isso e tentado privatizar investimentos nos setores de transporte, portos e aeroportos, por meio de editais de concessão ao setor privado, o governo demorou demais. Os resultados desse tipo de política demoram a aparecer e não foram suficientes para impedir o medíocre crescimento do PIB nos últimos três anos.
A segunda lição importante é que o relaxamento nos gastos públicos ? elevando despesas de custeio, inchando a máquina estatal e dando generosos aumentos salariais aos funcionários ? eleva o déficit público nominal, com sérios efeitos danosos à economia. Embora possa dar resultados positivos no prazo curto, em prazo médio as consequências ruins do déficit começam a aparecer. Com a redução do superávit primário, o governo reduz o volume de dinheiro em caixa para pagar os juros da dívida pública e a saída é fazer mais dívida. O déficit nominal ? que é o saldo do superávit primário menos os juros da dívida ? obriga o Banco Central (BC) a elevar a taxa de juros, já que diminui o volume de crédito disponível ao setor privado, e isso também é ruim.
A terceira lição vem de uma prática lamentável do governo Dilma. É um erro crasso manipular a contabilidade pública e maquiar os resultados reais das contas fiscais, na tentativa de mostrar uma situação financeira boa que na prática não é verdadeira. O governo Dilma fez isso nos últimos três anos, criou desconfiança dos agentes econômicos internos e abalou a credibilidade internacional do Brasil. O preço dessa prática é alto. Os investidores externos fogem, os bancos estrangeiros deixam de acreditar nas informações econômicas, o ingresso de dólares diminui e, como agora foi anunciado, as agências de classificação de risco tendem a reduzir a nota do país.
A principal consequência da redução da nota é a percepção de que o país ficou mais arriscado e, por isso, a taxa de juros paga nos empréstimos internacionais feitos pelo governo e pelas empresas nacionais sobe. Ou seja, a redução da confiança custa dinheiro. Tanto a presidente Dilma quanto o ministro Guido Mantega não parecem dar mostras de terem aprendido a lição, pois as manipulações contábeis continuaram em 2013. A presidente tem o péssimo hábito de dizer que os críticos torcem contra o Brasil. É o contrário: quando apontam erros, os críticos ajudam.
A quarta lição é que o governo sozinho jamais conseguirá fazer os investimentos necessários e que não existe lógica alguma em rejeitar investimento privado nessa área. A crença de que investimentos privados em setores de infraestrutura são prejudiciais é completamente equivocada e não faz sentido algum no mundo moderno. O governo sim é perigoso, seja por não ter dinheiro para investir, por ser ineficiente ou por apresentar alta taxa de corrupção.
Se o Brasil aprendesse ao menos essas quatro lições, a chance de ter uma economia melhor nos próximos anos seria maior.
-
Contas Em Descrédito - Editorial Gazeta Do Povo - Pr
GAZETA DO POVO - PR - 07/10 Chama a atenção a disposição do governo em prosseguir com a prática de manipular a contabilidade fiscal Os quatro anos do governo Dilma Rousseff são responsáveis diretos por algo que o Brasil tinha deixado para trás:...
-
Reprovação Internacional - Editorial Gazeta Do Povo - Pr
PARA PRESIDENTE VOTE AÉCIO NEVES 45 GAZETA DO POVO - PR - 20/09 O problema maior do Brasil é a existência simultânea de vários indicadores ruins As agências internacionais de classificação de risco existem para estudar os países, acompanhar...
-
O Perigo Do Rebaixamento - Editorial Gazeta Do Povo - Pr
GAZETA DO POVO - PR - 26/11 O governo não deveria desdenhar das análises internacionais e da possibilidade de rebaixamento na nota das agências de classificação de risco Foi com sacrifício e reformas que o Brasil conseguiu das agências internacionais...
-
3,1% Do Pib - Antonio Delfim Netto
FOLHA DE SP - 06/11 A recente demonização da dívida pública esconde o fato de que, em condições normais de pressão e temperatura, ela é um instrumento indispensável para a boa administração financeira, inclusive da política monetária. Esta...
-
O Preço Da Manipulação - Editorial Gazeta Do Povo - Pr
GAZETA DO POVO - PR - 11/06 O ministro Guido Mantega, com o apoio da presidente Dilma, mostrou que é capaz de abandonar a verdade dos números e falsear a contabilidade do governo A semana passada terminou com os mercados nacionais em alvoroço, culminando...
Geral