Um dos quartos da casa é exclusivo para a coleção de bonecas de Maria José do Nascimento. A senhora de 77 anos, que mora em Cascavel, no oeste do Paraná, tem em casa mais de 400 bonecas. São tantas e tão variadas, que algumas foram emprestadas para a exposição ?Brinquedos que marcaram época? que pode ser visitada no Museu Histórico Celso Formighieri Sperança, até o dia 30 de outubro.
Maria guarda as bonecas desde que ganhou a primeira na infância, mas não lembra mais qual foi. ?Eu gosto de boneca desde pequena, a primeira ganhei da minha mãe. Ela era costureira e quando fazia um vestido para mim ou para qualquer outra pessoa, eu olhava e fazia um igualzinho para a minha boneca?, conta a aposentada.
As bonecas são, na maioria, presente de amigos ou costuradas por ela. ?Eu faço para mim, para vender por encomenda e também para dar de presente para alguma criança que eu gosto?, diz. Outras foram encontradas no lixo. ?Acho boneca na rua e trago, se tiver quebrada eu conserto. Esses dias eu vinha caminhando com a minha netinha e ela disse: ?Olha vó uma bonequinha no chão?. Estava jogada perto do mato, suja e quebrada. Lavei para casa e lavei, estava tão suja que achei que era morena, mas era branquinha, ficou nova depois de limpa?, lembra.
Maria começou o hobby cedo e quando casou levou todas as bonecas para a casa nova. ?Eu fui juntando, pegava as bonecas das minhas irmãs e quando elas ganhavam outras deixavam eu ficar com a velha e assim guardei várias. Quando eu casei tinha poucas, mas levei todas juntas?. Ela também contou que o marido acha que a coleção uma "bobagem". ?Não sei porque, mas sempre fui assim, gosto, acho bonito, quando vou na casa de alguém e vejo uma boneca fico só olhando?, se diverte.
Na coleção tem bonecas de todos os tamanhos, tipos e lugares. Maria mostra com orgulho a boneca que veio da Itália. Quando a coleção ainda estava pequena, todas as bonecas tinham um nome, mas com o tempo ficou complicado de lembrar. ?No começou eu dava nome para elas, mas depois não tinha mais condições, são muitas e misturou tudo. Chamo de meu bebê". Limpar o quarto também é outro problema. "Quando venho organizar passo horas aqui dentro. Lavar também não dá mais". comenta.
No quarto das bonecas ninguém pode mexer sem autorização, Maria diz ser ciumenta com os seus "bebês". ?Criança não entra aqui e se entrar eu vou atrás e digo: 'não ponha a mão'. Eu tenho uma netinha que vem aqui e quando sai leva uma boneca, eu falo que não é para mexer porque sinto falta, mesmo assim, às vezes, eu deixo ela levar porque é pequenininha. Mas não dou para mais ninguém?, conta a colecionadora.
?Criança não entra aqui e se entrar eu vou atrás e digo: 'não ponha a mão'
Maria José
No bairro onde mora todos sabem do hobby de Maria. É possível identificar a casa só pelas bonecas na janela. "Outro dia fui dar uma palestra na escola do bairro para contar sobre as bonecas". Os vizinhos também colaboram como podem. "Uma garotinha apareceu na minha casa com uma boneca grandona e me deu. Encontrei com ela na rua dias depois e ela me perguntou da boneca. Eu contei que ela estava guardadinha, e se quisesser ver era só ir na minha casa". Maria tem um carinho especial por cada uma e não esquece de onde veio ou quem deu, cada boneca tem uma história.
E não é nem preciso perguntar qual é o presente favorito da aposentada, ela já deixa claro que a melhor coisa que pode ganhar é, com toda a certeza, uma boneca. ?Se me falar assim: 'vou trazer um presente para a senhora, quer uma calça ou um vestido?' eu respondo: Uma boneca?.
Exposição
Algumas bonecas deixaram o quartinho para serem expostas. "Eles vieram aqui, escolheram e levaram, eu prefiro nem lembrar, mas sei que estão bem cuidadas e que voltam logo", diz Maria esperançosa. O museu fica na Rua Duque de Caxias, nº 379, no Centro Cultural Gilberto Mayer e é aberto à visitação de segunda à sexta-feira em horário comercial das 8h às 12h e das 13h às 17h.
Fonte:g1