As coisas são o que são
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As coisas são o que são


Perguntam-se por que não digo nada sobre o novo partido, o "Livre".
A resposta é simples: porque não acho o tema interessante. Primeiro, penso que numa democracia madura não há lugar para partidos "personalizados" (ou seja, centrados numa pessoa, por mais meritória que seja). Segundo, julgo que o "Livre" vai ser tão efémero, que não vale a pena gastar tempo com ele.
Agora, falando sério: o "Livre" parte de um duplo equívoco: primeiro, a ideia de que há um espaço político vazio, algures "no meio da esquerda" (onde quer que isso fique); segundo, que basta uma "alcoviteira" benévola para meter na mesma cama político-governativa o PS, o BE e o PCP.
Quanto ao primeiro, tenho para mim que, tirando uma pequena fracção da elite urbana -- que acha que tem de ter um partido com cujas ideias concorde a 100% --, ninguém mais sente a necessidade de um novo partido de esquerda, quando já há três com representação parlamentar (quatro, se considerarmos que os Verdes são um partido...).
Quanto ao segundo equívoco, as diferenças entre o PS, por um lado, e o BE e PCP, por outro lado, são demasiado fundas e estruturais, ideológica e politicamente, para poderem ser intermediadas por interposto (micro)partido. Basta pensar na integração europeia e na disciplina orçamental. Não há suficientes "commonalities" políticas entre um partido de governo, como o PS, e partidos de protesto, como o BE e o PCP. Pelo menos, enquanto estes se limitarem a ser partidos "do contra" e de causas sectoriais.




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