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Balanço da indústria - MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 03/10
A gangorra industrial continua balançando. O IBGE informou que em agosto a indústria cresceu zero, e a queda que já havia sido forte no mês anterior piorou de -2% para -2,4%. Em junho, a indústria havia crescido 2,1%. O movimento da economia este ano tem sido errático, com altas fortes, seguidas de grandes recuos. O país não atingiu o crescimento sustentado em 2013, vai aos trancos e barrancos.
O ano havia começado bem para o setor industrial mas o cenário se inverteu. De janeiro a abril, houve alta 3,1%; de maio a agosto, queda de 2,3%. O resultado divulgado ontem reforça as previsões de que o PIB do terceiro trimestre ficará em torno de zero, ou negativo, depois do forte crescimento do segundo tri.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff afirmou em seu twitter que o Brasil teve o terceiro maior crescimento do mundo no segundo trimestre, com alta de 1,5% em relação ao primeiro trimestre, o que daria uma taxa de 6% anualizada. No ranking, há vários países na frente do Brasil naquele período, como China, Turquia, Colômbia, Argentina, Cingapura. Foi de fato um bom resultado, mas nem a própria área econômica do governo espera que se repita o mesmo número no terceiro trimestre. Essa estagnação da indústria em agosto, depois do tombo de julho, é um indicador que prenuncia um número fraco para o período.
Um número não faz verão. O que realmente é relevante é entender o movimento oscilante do ano. O PIB cresceu 0,6% no primeiro trimestre, acelerou para 1,5% no segundo, mas tem colhido números fracos no terceiro. É por isso que o Banco Central rebaixou de 2,7% para 2,5% a previsão de crescimento do ano como um todo. O Ministério da Fazenda também já reduziu suas projeções. De todos os setores, a indústria é que mais tem oscilado. Dos oito meses já divulgados este ano, até agosto, houve alta em apenas quatro, queda em três e uma estagnação.
O IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) revisou de 2,5% para 2% a projeção de crescimento da indústria este ano. A Rosenberg Associados também cortou para 1,7%. Se forem confirmados esses números, o país não conseguirá em 2013 se recuperar do tombo de 2,6% que a indústria sofreu no ano passado. O Departamento de Pesquisa Macroeconômica do Itaú acredita que a produção industrial voltará a crescer em setembro, mas ainda assim fechará o terceiro trimestre no negativo. Por isso, o banco estima que o PIB do período também ficará negativo, em 0,5%, depois da forte alta do segundo trimestre. A média móvel trimestral foi também de crescimento nulo: de -0,1%.
O dado que mais tem chamado atenção na indústria este ano é o da produção de bens de capital, que são os investimentos. No acumulado de janeiro a agosto, houve alta de 13,5%. No ano passado houve uma forte queda de 12,2% no mesmo período. Segundo o IBGE, o destaque dos investimentos é a produção de equipamentos de transporte, que cresceu 22%. A produção de caminhões, que foi a grande vilã do ano passado, destravou este ano. É preciso que ela se normalize para, de fato, saber o ritmo real dos investimentos.
O terceiro trimestre, que acabou na semana passada, deve ter sido o período mais fraco do ano. As expectativas dos institutos de pesquisa e dos bancos são de que no quarto tri o país terá um número melhor. Se for isso, o ano terá sido uma gangorra: um trimestre médio, um segundo muito bom, um terceiro fraco, talvez negativo, e um quarto de pequena recuperação. Melhor do que no ano passado, sem dúvida, mas um resultado ainda aquém do que o país precisa.
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