BALANÇO DAS ELEIÇÕES 2008
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BALANÇO DAS ELEIÇÕES 2008


Como eu adoro política e democracia, vou fazer um balancê.
Se a gente vê por cima o resultado das eleições, fica a impressão que o PT perdeu. Mas não é verdade. No primeiro turno ele foi o partido que mais conquistou capitais (seis). Tudo bem que nenhuma é capital importante, mas se a medição é essa, número de capitais, o PT ganhou. No segundo turno foi o partido que mais venceu a disputa, junto com o PMDB (oito vitórias cada). Em geral, o PT foi o partido que mais cresceu no país. Aumentou seu número de prefeitos em 36%. Não é pouca coisa. É a mesma porcentagem que o DEM (que só fez uma capital, São Paulo) encolheu.
Fico chateada com o resultado em várias capitais. São Paulo, óbvio, é uma delas. Mas era uma derrota anunciada. O voto anti-PT é muito forte, e a esquerda sempre tem problemas num segundo turno paulista (tanto na capital como no estado). O pessoal costuma esquecer, mas eu, com minha memória e corpitcho de elefante (adoro elefantes), lembro: a Erundina só ganhou a capital em 1988 porque na época não existia segundo turno. Ela fez 23% e foi eleita, e foi surpresa pra todo mundo. Quanto ela teria num segundo turno, se isso existisse então? 35%, no máximo? Pode apostar.
Em Porto Alegre era impossível ganhar também, porque o atual prefeito, Fogaça (PMDB), teve 40% já no primeiro turno. Faltava apenas 10% pra ele se reeleger. E no segundo turno todo mundo cresce, porque recebe apoios, porque eleitores de outros candidatos migram pra um dos dois finalistas. O único caso de “O Incrível Político que Encolheu” que eu me lembro na história foi o do Alckmin, na última eleição presidencial. Ele teve mais votos no primeiro turno que no segundo, um caso inédito (corrijam-me se eu estiver errada).
Se eu votasse em Floripa, teria que a
nular o voto, então torcia contra os dois. O mesmo, devo admitir, aconteceria se eu tivesse que votar nesse estado politicamente esquizofrênico que é o Rio. Ainda que eu admire o Gabeira como pessoa, o Partido Verde é mais do que insignificante: está se transformando num partido fisiológico, que apóia quem lhe oferecer mais vantagens, sem se preocupar com questões ideológicas. E o vice do Gabeira era do PSDB, pelamordedeus! Eu não teria como votar em alguém que tivesse esses apoios. Pra vocês terem uma idéia, uns dias atrás eu entrei, sem querer, num blog de extrema direita. É de um jornalista de Floripa que publicou livro sobre o nazismo e é membro do “O Sul é meu país” (movimento separatista asqueroso). Sacaram o nível? O cara imita o Reinaldo Azevedo e chama petistas de petralhas, além de mandar que abram fogo em cima da gente. Ou seja, evidentemente o nojentão é um fascista. Aí ele escreve que fica feliz porque, aparentemente, Kassab vai ganhar em SP e Gabeira no Rio. E eu penso: opa, Kassab e Gabeira na mesma frase? Sem exagero, um sujeito de extrema direita e eu não podemos concordar em nenhum ponto, exceto, talvez, alguma afirmação óbvia, tipo “Tá chovendo”. De resto, é como diz o Gershwin, “you like /puteitou/, I like /putato/”, sabe? E tem mais uma coisinha. Foi meio inegável que o Gabeira era o candidato dos ricos, e o Paes, dos pobres. Eu sempre fico com o pé atrás de votar em candidato dos ricos. A única vez que fiz isso foi quando fiz campanha pro Fernando Henrique Cardoso. Calma! Foi em 1985, pra prefeito de São Paulo, quando não havia segundo turno, então era ele ou o Jânio (o Jânio ganhou). E eu era uma criança, tinha 17 anos, e o FHC ainda não havia apodrecido. E mesmo assim eu me arrependo... Mas lembro até hoje que foi a única vez que ganhei alguma coisa pra fazer boca de urna (camiseta e sanduíche). Depois, todas as vezes que fiz boca de urna pro PT (e considera-se que boca de urna de uma militância aguerrida e altamente ideológica como a do PT conseguia aumentar entre 1% a 2% dos votos no dia da eleição - ou por que vocês acham que ela foi proibida?), eu tinha que comprar a camiseta. Ah, o maridão foi fiscal ontem, e recebeu um sanduíche e uma camiseta. Mas fiscal é diferente.
Por falar nesse assunto desagradável que é FHC, notaram que toda declaração que ele dá é contra o Lula? Ô velhinho ressentido! Ontem foi a vez d'ele dizer que apoio do Lula não significava vitória. Ué, precisa ser sociólogo pra constatar isso? Mas digamos que apoio do Lula vale mais que apoio do FHC, né? Anyway, pra mim, se eu tiver que apontar um só nome, o grande vitorioso desta eleição foi o Serra. Não só porque ele conseguiu fazer seu sucessor, um fantoche irrisório como o Kassab, mas principalmente porque ele enterrou o Alckmin, que ainda tinha esperança em disputar a presidência pelo PSDB em 2010. Aécio Neves também foi bem-sucedido em eleger seu candidato em Belo Horizonte, mas com o apoio do prefeito do PT, e perdendo no primeiro turno. Aposto que o Serra será o candidato que a Dilma terá que derrotar em 2010. Aécio é muito novo ainda, e Serra, que terá 69 anos na próxima eleição, seguramente estará concorrendo pela última vez (sou Dilma desde criancinha, ok?).Mas o que me deixou pulando de alegria foi a vitória do Carlito aqui em Joinville. Primeira vez na história que o PT ganha na maior cidade catarinense. Fiquei emocionada ao votar, derramei uma lagriminha, acariciei a urna eletrônica, e saí com um sorriso de orelha a orelha. A diferença não foi tão gigantesca como as pesquisas indicavam - 62 a 38%. Ainda assim é considerável. Tenho até explicação pra que candidato de direita sempre tenha mais votos nas urnas que declarados em pesquisa: é o eleitor enrustido, que tem vergonha de assumir em público que vai votar num candidato desses. É por isso, sério, que nos EUA as pesquisas sempre erram os votos pros republicanos. Nas urnas, eles sempre recebem mais. Por isso, se o Obama só está 5% na frente do McCain nas pesquisas, minha única palavra é ihhhhhhh...




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