Berlusconi cai; Itália afunda na crise
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Berlusconi cai; Itália afunda na crise


Por Altamiro Borges

Na quinta-feira à noite, o fascistóide Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, caiu no chuveiro, bateu a cabeça e sofreu um “pequeno traumatismo craniano”, segundo informou seu médico pessoal, Alberto Zangrillo, à agência de notícias Efe. “Depois da queda realizamos um exame traumatológico para avaliar a inflamação, que sempre ocorre depois de um traumatismo, mas Berlusconi está bem e apenas tomou analgésicos”.



A notícia é engraçada, mas bem que poderia ser melhor para os italianos. Berlusconi poderia ter caído, de fato, do poder, deixado o governo. Este anseio, porém, não está distante da realidade. O parlamento italiano, que aprovou nesta semana um pacote de maldades contra o povo – redução dos impostos dos ricaços, corte dos gastos sociais, demissão de servidores e congelamento dos salários –, chegou a discutir o fim do mandato do primeiro-ministro.

Orgias, corrupção e colapso econômico

O fanfarrão vive seu pior momento político. No mês passado, seu nível de popularidade despencou nas pesquisas e a coalizão direitista que o apóia foi derrotada nas eleições locais em maio e junho. A sua traumática queda – a real, não a do banheiro – decorre das constantes denúncias de corrupção e orgias nababescas, inclusive com menores de idade. “A Itália não é um bordel”, gritam os manifestantes em protestos quase diários nas ruas.

Seu declínio também se acelerou com o agravamento da crise econômica no país. Na semana passada, as manchetes da imprensa européia apontaram a Itália como “a bola da vez” do colapso financeiro. A crise derrubou as ações dos maiores conglomerados do país. Terceira maior economia da zona do euro e uma das sete maiores do mundo, a Itália pode quebrar e afundar de vez toda a Europa, que agoniza há vários anos.

Itália empurrada para o buraco

Sua dívida pública é superior a 120% do Produto Interno Bruto (PIB). Na Europa, ela só é menor, proporcionalmente, a da Grécia (acima de 150% do PIB). Totalmente fragilizada pela desregulamentação neoliberal, a nação é vítima da especulação financeira. O “pacote de maldades” apresentado pelo governo Berlusconi visa exatamente salvar os banqueiros e jogar o peso da crise econômica nas costas dos trabalhadores. Mas ninguém acredita no seu êxito!

O “pequeno traumatismo craniano” sofrido por Berlusconi no banheiro pode virar um baita trauma. Ninguém mais se entende no seu gabinete. O bravateiro até ameaçou demitir seu ministro das Finanças, Guido Tremonti. “Se eu cair, a Itália cairá. Se a Itália cair, cairá também o euro. É uma cadeia”, retrucou o ministro. Enquanto isto, a crise se agrava e a mídia rentista se desespera: “Se a Itália for empurrada para o buraco, a crise mudará de patamar e o mundo estará diante de um problema de proporções incomuns”, alertou o editorial do Estadão.




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